Duas expedições vão procurar avião de Amelia Earhart

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Amelia Earhart foi a primeira mulher piloto a atravessar o Atlântico por via aérea DR

Há 64 anos, Amelia Earhart foi a primeira mulher piloto a atravessar o Atlântico por via aérea - depois de Charles Lindbergh ter inaugurado a travessia, cinco anos antes. Mas nunca pôde gozar essa glória, pois o seu avião Lockheed-Electra desapareceu algures no Pacífico, antes de completar a viagem com que pretendia tornar-se a primeira pessoa a fazer uma volta ao planeta em avião ao longo da linha do Equador, onde a Terra é mais bojuda. O que lhe aconteceu ninguém foi capaz de determinar. Por isso, o interesse no mistério prossegue: hoje parte de Los Angeles (EUA) mais uma missão científica para procurar os destroços do avião de Earhart e, lá mais para o Inverno, parte uma outra missão, desta feita de uma empresa que ajudou a encontrar o "Titanic".

O avião em que Amelia Earhart, de 39 anos, viajava com o seu navegador, Fred Noonan, de 44 anos, era esperado na manhã de 2 de Julho de 1937 na ilha de Howland - um alvo difícil, pois esta ilha não é mais que um pontinho de terra de 800 metros de largura e 2,4 quilómetros de comprimento plantada no meio do oceano Pacífico, apenas um pouco acima da linha do Equador. Daí, deveria partir para o final da sua circum-navegação do globo, que terminaria em Oakland, na Califórnia, onde tinha começado, a 20 de Maio. A primeira volta foi de Oakland para Miami, na costa Leste dos Estados Unidos, atravessou o Atlântico sul para chegar a África, onde sobrevoou o deserto do Sara, contornou a Arábia e atravessou a Índia, passou pelo sudeste asiático, pelo norte da Austrália e, finalmente, atingiu Lae, na Nova Guiné. Foi em Lae que iniciaram a viagem até Howland e, quando comunicaram por rádio com o navio da Guarda Costeira norte-americana "Itasca", que os esperava junto à ilha, levavam já 19 horas de voo.
O "Itasca" tinha por missão reabastecer o avião de combustível, que deveria levar Earhart e Noonan até ao Havai e, finalmente, à Califórnia. Mas também ajudar os aviadores a encontrar a ilha Howland no meio do oceano, nestes tempos em que o radar não tinha ainda sido inventado. Para que Noonan se pudesse orientar pelas estrelas, previa-se que o avião chegasse a Howland pouco depois do nascer do Sol. E, para dar ainda mais uma ajuda, o "Itasca" deveria gerar uma nuvem de fumo, para apontar o local de aterragem.
Mas não só o fumo não subiu em coluna - espalhou-se sobre o mar - como as comunicações via rádio não correram bem. Earhart e o operador da Guarda Costeira transmitiram mensagens ao mesmo tempo, o que fez com que nenhum conseguisse ouvir bem o que outro dizia. Além disso, o rádio de Earhart não estava a funcionar bem. "Devemos estar sobre vocês, mas não vos conseguimos ver. Os níveis de combustível estão baixos. Não conseguimos contactá-los pelo rádio", dizia Amelia Earhart, na última comunicação recebida no "Itasca". Pouco passava das 7h00. A partir daí, o seu sinal rádio enfraqueceu. Estava a afastar-se da ilha de Howland.
Em poucos dias, mobilizaram-se esforços impressionantes para procurar o Lockheed-Electra e a sua tripulação, em busca de destroços ou eventuais sobreviventes: mais de 3000 pessoas, dez navios e 102 aviões foram usados, mas nada se achou.
Por isso, as teorias sobre o que aconteceu a Earhart multiplicaram-se: desde as mais racionais, como a de que se teria afundado no mar ou aterrado numa ilhota e lá teria morrido, até às teorias da conspiração. Há quem tenha dito que estava a espiar os japoneses para os EUA, que acabou por ser capturada pelos nipónicos e morreu num campo de prisioneiros e até que regressou aos EUA, onde viveu sob outro nome.

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