Montenegro nega saneamento político na Santa Casa em “situação dificílima”

Primeiro-ministro argumentou que “quem fala em saneamento político, porventura, queria garantir a manutenção de alguma afinidade partidária das pessoas que vão cessar funções” naquela instituição.

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Luís Montenegro afirmou que "é preciso desdramatizar aqueles que querem dramatizar tudo" MIGUEL A. LOPES / LUSA
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O primeiro-ministro, Luís Montenegro, alertou terça-feira para "a situação dificílima" da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e rejeitou qualquer saneamento político no que respeita à exoneração da provedora Ana Jorge. "Eu creio que é preciso dar ao país sinais de normalidade no funcionamento da nossa democracia. Não há saneamento político nenhum", afirmou o chefe do Governo, em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita à feira agropecuária Ovibeja, que arrancou esta terça-feira em Beja.

Questionado sobre a situação da SCML, Luís Montenegro argumentou mesmo que "quem fala em saneamento político, porventura, queria garantir a manutenção de alguma afinidade partidária das pessoas que vão cessar funções" naquela instituição. "Estão, se calhar, preocupados com isso. Nós [Governo] não estamos preocupados com isso, nem é por essa razão que as pessoas vão ser exoneradas", afiançou.

O primeiro-ministro destacou que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa "está numa situação dificílima do ponto de vista financeiro e do ponto de vista da garantia e da salvaguarda das suas funções sociais" e é isso que o executivo quer resolver. "É preciso que haja, por parte da tutela, total sintonia com a respectiva administração para se cumprirem as orientações de política que emanam do novo Governo", frisou.

Por isso, continuou, "foram pedidas informações" e "não estão criadas as condições para que esta administração que vem de trás possa estabelecer essa relação com a tutela". "E nós vamos criar essas condições para quê? Para assumirmos total responsabilidade", argumentou o chefe do Governo. Porque "não se pode pedir ao Governo que assuma uma responsabilidade que, à partida, nós não estamos em condições de assumir com uma administração [com a] qual nós não temos essa garantia e, portanto, isso é normal", sustentou.

Segundo Montenegro, "é preciso desdramatizar aqueles que querem dramatizar tudo". "Por aquilo que eu vou percebendo, parece que queriam garantir a manutenção das pessoas com quem têm mais afinidade. Nós não temos essa intenção. Nós estamos preocupados com aqueles que são os destinatários dos serviços que a Santa Casa presta. Vamos escolher uma equipa que dê garantias de total sintonia nos propósitos e orientações políticas do Governo e da respectiva tutela” vincou o primeiro-ministro, realçando a urgência em garantir o apoio de que necessitam os destinatários dos serviços públicos que a SCML presta aos cidadãos e à comunidade.

Questionado ainda sobre o facto de o ministro da Defesa, Nuno Melo, ter defendido que o serviço militar poderia ser uma alternativa para jovens que cometem pequenos delitos, o primeiro-ministro escusou-se, para já a abordar esse assunto. "Nós falaremos também sobre o incremento que é preciso dar no recrutamento para as nossas forças armadas no momento próprio", limitou-se a dizer.

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