ONG anunciam processo contra a Dinamarca por exportação de armas para Israel

No terreno, o dia ficou marcado por ataques no Líbano e rockets do Hezbollah contra Israel.

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Distribuição de alimentos em Rafah, no Sul da Faixa de Gaza, onde está a maioria da população deslocada HAITHAM IMAD/EPA
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Um conjunto de organizações não-governamentais anunciou esta terça-feira que irá processar o Estado dinamarquês para que pare as exportações de armas para Israel, invocando preocupações graves com a possibilidade de estas armas estarem a ser usadas para cometer crimes de guerra na Faixa de Gaza.

As delegações na Dinamarca da Amnistia Internacional, a Oxfam, ActionAid e ainda a organização palestiniana Al-Haq disseram que iriam apresentar uma queixa contra o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Dinamarca e a polícia nacional, que aprovam a venda de armas e equipamento militar. A queixa dará entrada nas próximas três semanas.

Israel diz que tem feito tudo ao seu alcance para limitar vítimas civis, mas até o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou que “não podemos ter mais de 30 mil palestinianos mortos” na Faixa de Gaza – as autoridades locais já disseram que morreram mais de 31 mil palestinianos desde o início da guerra, após o ataque do Hamas de 7 de Outubro, em que morreram cerca de 1200 pessoas no Sul de Israel.

Este não é o primeiro processo do género. Nos Países Baixos, um tribunal ordenou a suspensão de todas as exportações de peças de caças F-35 para Israel por preocupação de que pudessem estar a ser usadas em acções que violem o direito internacional em Gaza.

Processos deste género eram já vistos como uma possibilidade por especialistas em direito internacional, dada a imposição de medidas provisórias pelo Tribunal Internacional de Justiça no caso apresentado contra Israel pela África do Sul no âmbito da Convenção do Genocídio – porque a cumplicidade com um genocídio é também um crime que pode ser levado a tribunal.

Aumento de violência no Líbano

No terreno, o dia foi marcado por ataques do movimento xiita libanês Hezbollah contra os Montes Golã, no Norte de Israel, e ataques de Israel contra território libanês, incluindo no Vale de Bekaa, pelo segundo dia consecutivo.

O Hezbollah disse esta terça-feira ter disparado mais de 100 rockets Katyusha em direcção a vários postos militares israelitas, em resposta aos bombardeamentos levados a cabo por Israel na noite anterior.

O governador de Baalbek, Bashir Khader, disse que morreu pelo menos um civil e vários ficaram feridos nos ataques israelitas, um dos quais atingiu a entrada sul da cidade de Baalbek, a cerca de dois quilómetros das suas antigas ruínas romanas.

Israel afirmou ter “atingido dois centros de comando militar do Hezbollah”.

Marrocos anuncia ajuda por terra para Gaza

Já na Faixa de Gaza, continuavam a ser feitos esforços por vários países para conseguir a entrada de mais ajuda e a sua distribuição.

Marrocos, um dos países que normalizaram relações diplomáticas com Israel no âmbito dos “acordos de Abraão” na altura da presidência de Donald Trump, anunciou que conseguiu negociar com Israel a entrada de 40 toneladas de ajuda humanitária com destino ao Norte do território.

Vários aliados de Israel têm usado aviões para lançar ajuda sobre o território, algo que normalmente é uma acção tomada quando são inimigos a cercar o território, já que não é um modo especialmente eficaz nem seguro de entregar ajuda. Os Estados Unidos têm-no feito, e esta terça-feira a Alemanha anunciou que iria também participar neste esforço.

A embaixada da Alemanha em Telavive anunciou ainda que chegou a um acordo com Israel para retirar 68 crianças palestinianas de um orfanato em Rafah para Belém, na Cisjordânia, embora tenha sido dito que se tratava de uma medida temporária.

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