Papa pede às religiões do mundo para se unirem contra a devastação ambiental

O cardeal Pietro Parolin leu este domingo na COP28, no Dubai, uma mensagem do Papa no seu lugar, tal como fez com o discurso principal de Francisco na conferência de sábado.

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O Papa Francisco cancelou a sua viagem planeada para a cimeira climática COP28 no Dubai devido aos efeitos da gripe e inflamação pulmonar, disse o Vaticano na terça-feira EPA/GIUSEPPE LAMI
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O Papa Francisco disse este domingo que é essencial que todas as religiões do mundo se unam para se opor à devastação "voraz" do meio ambiente. O papa de 86 anos tinha planeado presidir à abertura do Pavilhão da Fé na conferência climática C0P28 no Dubai, mas uma inflamação pulmonar obrigou-o a permanecer no Vaticano.

O secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, leu a mensagem do Papa no seu lugar, tal como fez com o discurso principal de Francisco na conferência de sábado. "As religiões, como vozes de consciência da humanidade, recordam-nos que somos criaturas finitas, possuidoras de uma necessidade de infinito", disse o Papa, observando que um Pavilhão da Fé era a primeira vez numa conferência da COP.

"Porque somos de facto mortais, temos os nossos limites, e proteger a vida implica também opormo-nos à ilusão voraz de omnipotência que está a devastar o nosso planeta", afirmou.

As religiões, disse ele, "precisam urgentemente de agir em prol do ambiente", educar os seus membros para "estilos de vida sóbrios e fraternos" em vez de estilos de vida esbanjadores e trabalhar para um regresso à contemplação individual da grandeza da natureza. "Esta é uma obrigação essencial para as religiões, que são chamadas a ensinar a contemplação, uma vez que a criação não é apenas um ecossistema a preservar, mas também um dom a acolher", disse Francisco.

"Um mundo pobre em contemplação será um mundo poluído na alma, um mundo que continuará a descartar pessoas e a produzir resíduos", afirmou.

No seu discurso principal na conferência de sábado, Francisco repetiu o seu apelo à eliminação dos combustíveis fósseis. Centenas de instituições católicas em todo o mundo anunciaram planos de desinvestimento.

Mas uma investigação da Reuters descobriu que nos Estados Unidos, o maior produtor mundial de petróleo e gás e onde cerca de um quarto da população é católica, nem uma única diocese anunciou que se desfez dos seus activos de combustíveis fósseis. No seu discurso aos líderes religiosos, Francisco também afirmou que a paz e a gestão do planeta são interdependentes.

"Perante os nossos olhos, podemos ver como as guerras e os conflitos estão a prejudicar o ambiente e a dividir as nações, impedindo um compromisso comum para resolver problemas partilhados como a protecção do planeta", disse.

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