UNESCO aprova ampliação de zona classificada como património mundial em Guimarães

Área inscrita na lista do património da humanidade é agora o dobro da que dela constava desde 2001, ano em que o centro histórico da cidade recebeu este selo de prestígio.

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Tanques de curtir peles da antiga Fábrica Âncora, inserida na zona agora abrangida pela classificação nelson garrido

O Comité do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, na sigla em inglês), reunido em Riade, na Arábia Saudita, aprovou esta terça-feira a ampliação da zona classificada de Guimarães, confirmou à Lusa fonte do município.

A proposta já tinha recebido parecer positivo para reclassificação e viu hoje ser confirmada a ampliação da área classificada como património mundial.

A proposta da Câmara Municipal de Guimarães previa "duplicar a área classificada, inscrevendo a Zona de Couros na lista indicativa para obter o estatuto de património da humanidade", como se podia ler num comunicado da autarquia de 2015.

"No caso de a candidatura ser bem-sucedida, a área de protecção passará a ser cinco vezes superior à actual, criando-se uma zona tampão desde o topo da montanha da Penha, onde nasce a ribeira de Couros, à Veiga de Creixomil, foz de cursos de água", acrescentava o texto da altura.

A autarquia do distrito de Braga sublinhou, noutro documento, que "a área classificada agora proposta aponta um novo sentido à leitura do "centro histórico de Guimarães, incorporando os espaços primitivos do trabalho na compreensão da [sua] génese e [do seu] desenvolvimento".

Até à candidatura, explicava o mesmo documento, "estava consolidada a ideia de que a génese de Guimarães era bipolar: em torno da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira e em torno do Castelo, à cota alta. Hoje sabemos que, à cota baixa, se desenvolviam as actividades de curtimenta (certamente, entre muitas outras) e, nesse sentido, é incompleta a noção do burgo medieval sem a compreensão destas inter-relações".

A Câmara de Guimarães acrescentou: "O que hoje se vê em Couros resulta do desenvolvimento da indústria nos últimos 100-200 anos, sobrepondo-se, por exigências funcionais, produtivas, às preexistências. Documentalmente, já no século XII o rio é designado como 'rio de Couros'. Mas parece cada vez mais certa a hipótese da génese desta actividade, neste local, ser muito mais remota, por exemplo, considerando as referências às trocas comerciais presentes no testamento de Mumadona Dias (ano de 959)".

O centro histórico de Guimarães está classificado como património mundial desde 2001.

Para o presidente da autarquia, Domingos Bragança, a ampliação hoje aprovada "afirma Guimarães como cidade de património preservado e fruível".

Em comunicado enviado à Lusa, o autarca sublinhou que, com o alargamento aprovado hoje, a Unesco "atesta a importância da zona de Couros como um dos núcleos fundamentais para a constituição do burgo vimaranense".

Durante a 45.ª Sessão Alargada do Comité do Património Mundial foram examinadas e votadas 24 candidaturas referentes ao ano de 2022, e 26 candidaturas referentes ao ano de 2023, divididas pelas categorias de património cultural, património natural, património misto e alterações significativas aos limites da classificação, inserindo-se Guimarães nesta última.

"Os 19,4 hectares até agora classificados como Património Mundial estendem-se a uma área de 38,4 hectares, passando a abranger o conjunto denominado como 'Zona de Couros', relativo à área de manufacturas de curtumes ao longo do Rio de Couros. Também ao nível da área envolvente, de protecção à área classificada, há uma área mais alargada que passa agora a ser de 129,3 hectares (a anterior abrangia 99,2 hectares)", detalhou a câmara no mesmo comunicado.

Domingos Bragança acredita que a extensão da área classificada como património mundial em Guimarães "contribui expressivamente para o aumento da visibilidade interna e externa da cidade e de Portugal".

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