Greve dos médicos internos com adesão superior a 80%, diz sindicato

De acordo com Jorge Roque da Cunha, do SIM, o impacto da greve, a primeira realizada por médicos internos, sente-se tanto na parte hospitalar como nos cuidados de saúde primários.

Foto
Os médicos internos, que ainda estão em formação, representam um terço dos clínicos do Serviço Nacional de Saúde Teresa Miranda

A greve dos médicos internos está esta quarta-feira a registar uma adesão "muito expressiva", entre 83% e 85%, disse à Lusa o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), ao fazer um balanço do primeiro dia de paralisação.

De acordo com Jorge Roque da Cunha, o impacto da greve, a primeira realizada por médicos internos e que decorre hoje e na quinta-feira, sente-se tanto na parte hospitalar como nos cuidados de saúde primários.

"É importante que esta mensagem seja entendida por parte do Governo", afirmou o dirigente sindical, vaticinando que, se não houver acordo com os trabalhadores, a situação do Serviço Nacional de Saúde vai "piorar".

A greve foi convocada pelo SIM para exigir melhores salários e a valorização profissional para efeitos de progressão na carreira.

Em declarações à Lusa ao final da manhã, Roque da Cunha assegurou que os serviços mínimos estão a ser cumpridos.

Com o protesto, o sindicato pretende também chamar a atenção para o "grande trabalho" que fazem os 10.179 médicos internos, "muitas vezes" substituindo especialistas e cumprindo centenas de horas extraordinárias, dada a "escassez de recursos".

A paralisação, que abrange pela primeira vez médicos em pós-formação para obtenção da especialidade, insere-se num quadro mais vasto de greves, em várias modalidades e regiões, promovidas pelo SIM, até Setembro, para reclamar uma grelha salarial condigna para todos os médicos.

O SIM reivindica a integração do internato médico no "primeiro patamar da carreira médica".

A paralisação coincide com a greve às horas extraordinárias dos médicos de família, que deveria ter terminado na terça-feira mas que continua até 22 de Setembro.

Os médicos já tinham cumprido três dias de greve nacional, entre 25 e 27 de Julho, e dois dias de greve na região Centro, a 9 e 10 de Agosto.

O SIM emitiu um novo pré-aviso de greve para 30 e 31 de Agosto nas regiões do Alentejo, Algarve e Açores.

Em 10 de Agosto, os sindicatos dos médicos e o Governo concluíram uma quinta reunião negocial extraordinária sem chegar a acordo sobre a revisão da grelha salarial, principal ponto do caderno reivindicativo apresentado à mesa das negociações, iniciadas em 2022.

À saída da reunião, Roque da Cunha disse à Lusa que não havia razões para recuar nas greves previstas até Setembro, alegando que a tutela mantém uma proposta de aumento salarial de 1,6% para a generalidade das carreiras.

De acordo com o Ministério da Saúde, a proposta do Governo significa, globalmente, um aumento de 24% da massa salarial dos médicos do SNS.

Segundo a tutela, os médicos hospitalares que integrarem a dedicação plena terão um horário de 35 horas semanais, a que acrescem mais cinco horas de trabalho por semana, e um aumento salarial que corresponde a dois níveis remuneratórios, mais um suplemento previsto de 20% nesse novo regime.

O SIM entende que o novo regime de dedicação plena ao SNS proposto "é pouco atraente" para os médicos, devido à carga horária prevista (300 horas extraordinárias anuais).

Uma nova reunião negocial entre sindicatos e Governo está agendada para 11 de Setembro.

Sugerir correcção
Comentar