Polícia detém suspeito da morte de três pessoas nas ruas do centro de Nottingham

Para além dos três mortos há três pessoas feridas, uma com gravidade, depois de uma tentativa de atropelamento. As vítimas mortais, incluindo dois universitários, foram esfaqueadas.

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A carrinha branca descrita por várias testemunhas PHIL NOBLE/Reuters
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Muitas ruas do centro da cidade continuarão encerradas PHIL NOBLE/REUTERS
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Há muitos patrulhas no centro de Nottingham Reuters/CARL RECINE
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A cidade de Nottingham, no Reino Unido, acordou esta terça-feira em estado de sítio, com uma vasta área encerrada atrás de cordões policiais, trânsito cortado e transportes públicos suspensos. Durante a madrugada, três pessoas foram mortas, em dois locais diferentes do centro da cidade inglesa. Na mesma área, três pessoas escaparam a uma tentativa de atropelamento.

Ao final do dia, quando centenas de pessoas já participavam numa vigília, a polícia afirmou que o suspeito de 31 anos que está sob detenção terá roubado a carrinha de uma das vítimas mortais, que depois usou para atropelar peões. O dono da viatura era um homem com cerca de 50 anos encontrado morto por cidadãos que alertaram as autoridades às 4h30, em Magdala Road. Meia hora antes, a polícia já descobrira dois estudantes da Universidade de Nottingham, um jovem e uma jovem de 19 anos, mortos noutra zona, em Ilkeston Road.

Depois de anunciarem a detenção de um suspeito de 31 anos, as autoridades disseram acreditar que “estes três incidentes estão todos relacionados”. As investigações continuam.

“Mantemos uma mente aberta em relação ao motivo e estamos a trabalhar com a polícia antiterrorismo para estabelecer os factos, como faríamos sempre neste tipo de circunstâncias”, disse aos jornalistas a chefe da polícia da cidade, Kate Meynell. “Já foram realizadas várias buscas em locais por toda a cidade para reunir provas, mas não houve mais detenções”, explicou.

Um homem que não quis ser identificado tinha dito à BBC que viu um jovem e uma jovem serem esfaqueados em Ilkeston Road, cerca das 4h da manhã. Descrevendo ter ouvido “gritos horríveis, de gelar o sangue”, contou ter olhado pela janela e visto “um negro vestido todo de preto com um capuz e uma mochila a lutar com algumas pessoas”.

“Ela gritava ‘Socorro!’ e eu só queria ter gritado pela janela para assustar o atacante. Vi que esfaqueou primeiro o rapaz e depois a mulher. O rapaz caiu no meio da estrada, a rapariga tropeçou em direcção a uma casa e ficou sem se mexer. Mas no minuto seguinte desapareceu na parte lateral de uma casa, e foi lá que foi encontrada”, contou. “Diria que tudo aconteceu em cinco, seis minutos.”

Noutra zona, a polícia esteve durante horas de vigia a uma carrinha com danos no pára-brisas e no capot. Lynn Haggitt, uma testemunha, disse ao Channel 4 que viu uma carrinha a atingir duas pessoas. “Às 5h30 vi uma carrinha branca parar ao meu lado. Era branca, toda branca. Havia um carro da polícia atrás, aproximando-se devagar, sem luzes. O homem no lugar do motorista olhou pelo retrovisor e viu o carro da polícia”, descreveu. A carrinha avançou então até “à esquina da rua e atropelou duas pessoas”, disse.

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Polícias forenses no interior de um dos cordões policiais Carl Recine/Reuters

Um dos atingidos, um homem, foi projectado e aparentava ter ficado ferido na cabeça, acrescentou Haggitt, enquanto uma mulher estava sentada no chão e “parecia bem”.

"Uma grande faca"

Foi também pelas 5h30 que Kane Brady, estudante da Universidade de Nottingham, ouvido pela emissora GB News, diz ter sido acordado “com o que pareciam ser disparos” e visto depois uma pessoa ser atingida por um taser, arrastada para fora de uma carrinha e presa. “Mais tarde, vi que eles abriram a carrinha e tiraram de lá uma grande faca”, antes de fecharem as ruas, contou.

“Notícias horríveis acordaram a nossa cidade”, comentou, no Twitter, Alex Norris, deputado de Nottingham. “Quero agradecer à polícia e aos serviços de emergência pela sua resposta contínua ao chocante incidente desta manhã em Nottingham. Tenho estado a ser actualizado com os desenvolvimentos. É preciso dar tempo à polícia para fazer o seu trabalho”, reagiu, entretanto, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak. “Os meus pensamentos estão com os feridos e com as famílias dos que perderam as suas vidas.”

As autoridades foram alertadas para o que Kate Meynell descreveu como “um incidente trágico e horrífico” pouco depois das 4h, quando duas pessoas foram encontradas mortas numa rua do centro. Em seguida, chegou o alerta para os atropelamentos, a pouca distância. Ao mesmo tempo, era encontrada uma terceira pessoa morta, noutra rua perto do centro: o casal Petra Gyuricska e o marido Miklos Toldi contaram ao jornal The Guardian que se dirigiam para o trabalho quando viram o corpo de um homem ensanguentado em Magdala Road, às 4h30.

“Nottingham é uma grande cidade, mas é uma comunidade pequena e quando uma coisa destas acontece deixa-nos atordoados”, disse à Rádio 5 Emma, que vive junto ao centro da cidade. “Não quero ter medo de andar no centro… mas depois disto é impossível não pensar, ‘será que vai acontecer alguma coisa’”?

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