Benfica, FC Porto e Sporting alvo de buscas. “Bola do lado da Justiça”, diz Rui Pinto

Diligências fazem parte da Operação Penálti. Estão sob investigação transferências de jogadores e intermediários. Rui Pinto terá estado na origem do processo. SAD do Sporting é arguida.

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Mais de 100 elementos da Autoridade Tributária (AT) e dezenas de militares da GNR estão esta quarta-feira a realizar buscas, nos estádios de Benfica, FC Porto e Sporting. Reuters/PEDRO NUNES
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Benfica, FC Porto, Sporting e vários empresários e advogados ligados ao futebol foram, esta quarta-feira, alvo de buscas por parte de mais de uma centena de elementos da Autoridade Tributária (AT). Em causa estão suspeitas de prática de crimes de fraude fiscal qualificada, fraude contra a segurança social e branqueamento de capitais, num valor total de vantagens ilegítimas que ascende aos 58 milhões de euros, informou durante a tarde o Departamento Central de Investigação e Acção Penal.

A SAD do Sporting e a SAD do Benfica foi constituídas arguidas, segundo confirmaram ambos os clubes.

De acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO ao longo do dia, as buscas desta quarta-feira aparentavam voltar a incidir sobre documentos na posse do autor do Football Leaks, já usados em outras buscas relacionadas com o futebol. Num primeiro contacto, a defesa de Rui Pinto preferiu não prestar declarações, mas o denunciante reagiu às buscas no Twitter durante a tarde, confirmando o papel nas investigações. "A bola passou para o lado da justiça, que oito anos depois vai fazendo o seu caminho", escreveu Rui Pinto, no Twitter.

Nas diligências desta quarta-feira da Operação Penálti ​foram cumpridos 67 mandados de busca e destacados 250 efectivos. Esta investigação é semelhante à Operação Fora de Jogo, investigação que arrancou em 2020 e tem como origem documentos na posse de Rui Pinto.

Os portistas foram os primeiros a reagir às buscas: em comunicado, os "dragões" dizem estar certos "do bom cumprimento das normas atinentes à sua actividade", garantindo estar a colaborar com as autoridades e a facultar todos os documentos pedidos.

Também a casa de Alexandre Pinto da Costa, filho do presidente do FCP e agente de futebol, e a Gestifute, empresa de gestão de carreiras de jogadores de futebol de Jorge Mendes, estão a ser alvo de buscas.

Em Novembro de 2021, a casa do empresário já tinha sido alvo de buscas, com suspeitas do recebimento indevido de comissões em negócios ligados aos "dragões", dirigido há mais de 40 anos por Jorge Nuno Pinto da Costa. A presença da empresa Soccer Energy, da qual Alexandre é sócio, em negócios do FC Porto foi divulgada em primeira mão por Rui Pinto no Football Leaks.

De acordo com o comunicado publicado no site da AT, estão cerca de 250 efectivos no terreno, “entre inspectores tributários e aduaneiros, militares da GNR e magistrados judiciais e do Ministério Público”.

Estão a ser investigados indícios de crimes de fraude fiscal, burla, abuso de confiança e branqueamento de capitais, relacionados com transferências de jogadores de futebol e com circuitos financeiros que envolvem os intermediários nesses negócios.​

A Operação Fora de Jogo, desencadeada em Março de 2020, já tinha motivado buscas a estas mesmas sociedades. Na origem desta operação estão documentos divulgados por Rui Pinto, sendo que as últimas duas buscas desta operação decorreram num período em que o autor do Football Leaks já se encontrava a colaborar com a Polícia Judiciária em investigações.

Esta quarta-feira, as suspeitas concentram-se com matérias que envolvem a Segurança Social e ao Fisco. As buscas estendem-se também às casas dos jogadores, tal como já se tinha verificado em 2020 com Iker Casillas, antigo guarda-redes portista. A CNN escreve que os domicílios de Chiquinho, Vlachodimos e Gonçalo Guedes foram alvo de buscas. Os negócios destes jogadores do Benfica estão sob investigação.

No caso do Sporting, os negócios antecedem a presidência de Frederico Varandas, estando compreendidos entre os anos de 2012 e 2015. Bas Dost, Naldo, André Pinto, Rúben Semedo, Battaglia, Beto Pimparel e Schelotto são os jogadores visados, adianta também a CNN.

Para já, tinham sido constituídos 47 arguidos no âmbito da Operação Fora de Jogo (24 pessoas colectivas e 23 pessoas singulares), entre os quais jogadores de futebol, advogados, dirigentes desportivos e agentes ou intermediários.

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