PS diz que cercar sede partidária é “arma que não pode ter lugar em democracia”

“O PS nem se vitimiza nem se deixa intimidar pelo Chega”, disse o secretário-geral adjunto do PS.

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João Torres foi secretário de Estado e é agora secretário-geral-adjunto do PS para a Organização Nuno Ferreira Santos
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O secretário-geral adjunto do PS afirmou que a manifestação convocada pelo Chega é “absolutamente inqualificável”, considerando que ameaçar “fazer um cerco a um partido político é uma arma que não pode ter lugar em democracia”.

Em declarações aos jornalistas à saída de um encontro da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL), João Torres foi questionado sobre o anúncio feito pelo presidente do Chega e deputado André Ventura de que o partido pretende “fazer um cerco à sede do PS para mostrar a indignação à forma têm governado o país”, numa manifestação marcada para este sábado à tarde, no Largo do Rato.

“O PS nem se vitimiza nem se deixa intimidar pelo Chega, apesar de considerar absolutamente inqualificável esta atitude e este cerco anunciado hoje para a sede do PS”, disse o secretário-geral adjunto do PS.

O dirigente socialista considerou que esta ameaça de cercar um partido político “não é apenas um ataque inqualificável ao PS, aos seus militantes e eleitores, mas é um ataque a todos os democratas e à democracia portuguesa”, assegurando que o partido censurará qualquer comportamento deste tipo em relação a outros partidos.

Por outro lado, João Torres lembrou que, além de autorização policial, “uma manifestação desta natureza tem de ter também a autorização do presidente da Câmara” do município onde se realiza, desafiando Carlos Moedas a “dar explicações sobre contexto em que autorizou esta manifestação”.

Questionado se, tal como afirmou na quinta-feira o líder do Chega, André Ventura, terão existido quaisquer contactos entre esse partido e dirigentes do PS, o secretário-geral adjunto socialista disse não ter conhecimento.

Quanto à forma como poderá atuar hoje a polícia, João Torres informou que foi enviada uma missiva à Polícia de Segurança Pública e salientou que a lei que regula as manifestação, que data de 1974, “é muito clara”-

“É competência das autoridades garantir perímetros de segurança para a realização de manifestações junto de determinados edifícios, designadamente sedes de partidos políticos”, afirmou.

Na quinta-feira, o presidente e deputado do Chega André Ventura afirmou que o objetivo da manifestação seria “fazer um cerco à sede do PS para mostrar a indignação à forma como tem governado o país”. Ventura acrescentou ter-se reunido com as forças policiais e a Câmara Municipal de Lisboa, esperando “uma manifestação ordeira e pacífica”.

Nas redes sociais, o partido anunciou a iniciativa como um “cerco ao largo do Rato, contra a corrupção e a impunidade do PS", com fotografias dos ex-governantes José Sócrates e Armando Vara ou do antigo banqueiro Ricardo Salgado e frases como “em Portugal a corrupção tem uma marca” ou “não ao abuso de poder”.

O líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, e o antigo dirigente socialista Francisco Assis já se insurgiram contra este tipo de manifestação, que classificaram como um comportamento “profundamente antidemocrático” ou “vandalismo institucional”, apelando ao repúdio de todos os democratas.

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