Greve dos oficiais de justiça adiou mais 10 mil diligências

O Sindicato dos Funcionários Judiciais destacou a adesão a rondar os 100% nos dias sem serviços mínimos, apesar das “repercussões salariais”. O pré-aviso da próxima greve está em preparação.

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A próxima greve dos trabalhadores judiciais poderá ocorrer até 15 de Julho, mas em diferentes moldes. MATILDE FIESCHI

A greve dos oficiais de justiça que terminou esta sexta-feira teve uma adesão próxima dos 100% nos dias sem serviços mínimos e terá adiado cerca de 10 mil diligências, de acordo com o Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ).

Em comunicado, o sindicato defende que os números da adesão à greve, que se iniciou a 26 de Abril, "são a demonstração inequívoca" de que os funcionários judiciais estão "mais unidos do que nunca".

"A taxa de adesão cifrou-se nos 95% a 100%, nos dias em que não existiam serviços mínimos e em 80% nos restantes dias. São dados elucidativos da forte união e da força dos trabalhadores da justiça na luta pelos seus direitos", lê-se no comunicado do SFJ.

Segundo o sindicato, "a adesão massiva a esta greve" teve "repercussões salariais muito significativas", sendo "um fortíssimo indicador do estado de desmotivação a que estes trabalhadores estão a ser sujeitos, aliado à revolta por não serem ouvidas e atendidas as justas reivindicações".

Além disso, o SJF denuncia "a deturpação que o Ministério da Justiça faz na comunicação social acerca das exigências destes profissionais", considerando que "em nada contribui para o clima de paz social".

O sindicato insiste na abertura imediata de concursos para lugares vagos nas categorias de Escrivão Adjunto, Técnico de Justiça Adjunto, Escrivão de Direito, Técnico de Justiça Principal e Secretário de Justiça; e na integração do suplemento de recuperação processual nos salários, com efeitos a 1 de Janeiro de 2021, concretizando o pagamento mensal do suplemento nos 14 salários anuais (incluindo os subsídios de férias e Natal).

Outras reivindicações, como a revisão da carreira ou um regime especial de aposentação, são remetidas para sede de negociação colectiva.

"O Governo tem relegado o papel destes profissionais para segundo, terceiro ou quarto plano, adiando, vezes sem conta, a revisão desta carreira que, apesar de especial pela Lei da Organização do Sistema Judiciário, só o é nas obrigações e não nos direitos", critica o SFJ.

O sindicato lembra as acções judiciais interpostas contra a Direcção-Geral da Administração da Justiça, por causa da imposição do novo sistema de registo de assiduidade dos funcionários, bem como a providência cautelar apresentada para travar o movimento ordinário de 2023 dos oficiais de justiça, que não prevê promoções.

O comunicado refere ainda a preparação do pré-aviso da próxima greve, que o presidente do SFJ, António Marçal, já tinha adiantado que decorreria num modelo criativo, possivelmente até 15 de Julho, prevendo-se uma paralisação variável em comarcas, horários e jurisdições.

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