FC Porto sofreu no derby por mérito alheio e por culpa própria

Boavista dificultou ao máximo o triunfo dos “azuis e brancos” que, depois de terem porfiado até chegarem ao golo, resistiram durante 25 minutos, fruto da expulsão de Marcano.

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Taremi LUSA/MANUEL FERNANDO ARAÚJO

Mais do que nunca, à medida que se aproxima o epílogo do campeonato vai desaparecendo a nota artísticas nas exibições dos principais candidatos ao título. No derby da 30.ª jornada, o FC Porto sofreu q.b. para assegurar um triunfo, também ele, q.b. sobre um Boavista (1-0) que nunca se conformou com a possibilidade de deixar o Estádio do Dragão sem pontos. Em inferioridade numérica nos últimos 25 minutos, os “dragões” seguraram uma vantagem crucial para manterem pressão sobre o líder, antes do Benfica-Sp. Braga.

Os pergaminhos do Boavista em organização defensiva não são novidade. Dispostos em 4x4x2 (que se transformava em 4x3x3, com bola, em função do posicionamento de Salvador Agra), os “axadrezados” foram capazes de substrair quase sempre ao adversário o espaço de que precisava para decidir com critério no meio-campo contrário. Makouta e Seba Pérez mostraram atributos no corredor central, Agra e Mangas ajudaram os laterais a fechar as zonas exteriores e os centrais controlaram o espaço aéreo.

O FC Porto, inicialmente com Pepê a partir da esquerda, dependia em demasia do brasileiro e de Otávio para chegar a zonas de definição e a primeira ocasião com um vago sentido de perigo chegou aos 13’, num cabeceamento do médio internacional por Portugal. Seguiu-se um momento de apuros na sequência de um canto, com Reggie Cannon a salvar um desvio de Evanilson, e foi tudo o que os “azuis e brancos” produziram em termos ofensivos.

É certo que, com mais bola, o FC Porto forçou alguns ataques curtos à profundidade, especialmente com passes de ruptura de Otávio e Uribe, e procurou jogar à largura para desmontar o bloco contrário, mas Manafá foi pouco mais do que inexistente no flanco direito e as rotas para a baliza de Bracali estavam bloqueadas, ora por mérito dos visitantes, ora pela previsibilidade dos movimentos de Taremi e Evanilson.

Quando o intervalo chegou, o momento de maior frisson tinha acontecido na baliza de Diogo Costa, depois de o guarda-redes ter largado um remate aparentemente inofensivo de Seba Pérez (34’) que deixou os adeptos portistas em sobressalto.

Sérgio Conceição tinha de mexer e fê-lo em triplicado, lançando Toni Martínez, Galeno e André Franco, aos 46’. E o médio ex-Estoril justificou a aposta quando, após um lançamento da bola para a área, se antecipou a Mangas e foi rasteirado. Na marcação do penálti, Taremi mostrou-se irrepreensível e desfez o nulo (59’).

Pepê já jogava, nessa altura, como lateral direito e, com a vantagem, parecia que o pior (o sofrimento, a ansiedade de marcar) já tinha passado para o FC Porto. Só que Marcano cometeu um erro de palmatória aos 66’: facilitou e, sendo o último defesa, permitiu que Mangas se isolasse. Acto contínuo, agarrou o adversário e foi expulso, deixando a equipa num aperto acrescido.

Não marcou o Boavista na sequência do livre directo que daí resultou, nem mais tarde por Bozenik (80’), Yusupha (82’) ou novamente Bozenik (86’), aposta de Petit, aos 74’, que viu Diogo Costa negar-lhe o empate. Os “axadrezados”, mais disponíveis fisicamente, apertavam o cerco e reduziam o FC Porto a transições ofensivas que poderiam ter causado mossa aos 90+1’, não tivesse André Franco desbaratado a assistência de Galeno.

Em dificuldades, o campeão nacional cerrava fileiras (já com Grujic em campo), com a noção exacta de que não poderia deixar fugir o que tanto lhe custara a conquistar. Cumpridos os mínimos, o FC Porto vira agora as atenções para a segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal, a meio da semana, aguardando depois para lucrar com o que sair do embate entre primeiro e terceiro da Liga.

Texto corrigido às 23h45, substituindo, na última frase, a palavra segundo por terceiro.

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