Winnie the Pooh de terror com estreia cancelada em Hong Kong e Macau

Filme tinha lançamento marcado para esta quinta-feira em Hong Kong e Macau. Distribuidora não apresentou razões para o cancelamento.

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Nos últimos anos, a figura do urso amarelo tem sido censurada pelas autoridades chinesas devido a memes que comparam Pooh ao Presidente chinês Reuters/BING GUAN

A exibição de Winnie the Pooh: Blood and Honey, um filme de terror britânico que tinha lançamento marcado para esta semana em Hong Kong e Macau, foi cancelada, disse esta terça-feira a distribuidora, sem justificar a decisão.

O anúncio nas redes sociais da VII Pillars Entertainment expressa, sem mais informações, um "grande pesar" pelo cancelamento. "Pedimos desculpa pela desilusão e pela inconveniência", refere a publicação.

Nos últimos anos, as autoridades chinesas têm censurado obras com o urso amarelo Winnie the Pooh, criado pelo escritor britânico Alan Alexander Milne, devido a memes, a piadas na Internet, que comparam a personagem ao Presidente chinês, Xi Jinping.

As comparações começaram em 2013, quando Xi Jinping visitou os Estados Unidos e conheceu Barack Obama. Cibernautas norte-americanos notaram as semelhanças físicas do líder chinês com a personagem Winnie the Pooh, e do homólogo americano com o Tigre, outra personagem da mesma série animada. Desde então, a imagem do urso tem sido utilizada como símbolo de dissidência, de crítica ao Presidente chinês.

O Governo de Hong Kong não respondeu a um pedido de comentários da Reuters. Entretanto, as ligações para a reserva de bilhetes nas páginas das redes sociais da distribuidora remetem para uma mensagem que diz que a emissão de bilhetes está temporariamente indisponível.

A Moviematic, que tinha organizado uma projecção do filme para esta terça-feira à noite, também anunciou o cancelamento, citando razões técnicas.

Em 2021, entrou em vigor na antiga colónia britânica uma nova lei de censura. Alguns filmes foram impedidos de serem exibidos na região administrativa especial chinesa. A legislação proíbe filmes que "subscrevem, apoiam, glorificam, encorajam e incitam actividades que possam pôr em perigo a segurança nacional".

De resto, foram retirados dois filmes do festival internacional de cinema de Hong Kong no ano passado, depois de não terem obtido a aprovação das autoridades. O cancelamento desta terça-feira acontece numa altura em que Hong Kong acolhe a feira de arte contemporânea de Basileia, uma extensão do evento suíço naquele território asiático, com as autoridades empenhadas em promover a cidade como um centro cultural vibrante, apesar de um cada vez maior esforço de censura.

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