Ministro da Saúde admite prolongar fecho rotativo das urgências obstétricas

Modelo estava aprovado até ao final do primeiro trimestre do ano. Mas perante a falta de médicos não deverá sofrer alterações, admitiu o ministro da Saúde, Manuel Pizarro.

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Manuel Pizarro, ministro da Saúde LUSA/TIAGO PETINGA

O ministro da Saúde admitiu, nesta sexta-feira, que o fecho rotativo das urgências obstétricas pode ser prolongado por mais um trimestre. Manuel Pizarro reconheceu que ainda não foi possível conseguir o número de recursos humanos ideal para manter estas urgências abertas em permanência.

Perante o encerramento de várias urgências obstétricas, ainda antes do final do ano, por causa da falta de médicos em número suficiente para fazer as escalas, a Direcção Executiva do SNS, liderada por Fernando Araújo, desenhou um plano de encerramentos rotativos para os fins-de-semana do Natal e do Ano Novo, que depois foi prolongado durante o primeiro trimestre deste ano.

Questionado várias vezes sobre o assunto, o ministro da Saúde tem referido que este modelo se tem mostrado positivo, ao garantir segurança e previsibilidade para os profissionais de saúde e grávidas. Com o plano aprovado até final de Março, foi anunciado que durante este mês exista um novo balanço e a definição do que irá acontecer nos próximos meses.

O expectável, a poucos dias do final do mês, é que não existam grandes alterações ao que está em prática, tendo em conta as declarações do ministro da Saúde às televisões, à margem de uma visita à obra de construção das futuras instalações da Unidade de Saúde Mental Comunitária de Gondomar.

“Infelizmente, ainda não é agora que teremos recursos humanos, nomeadamente médicos de obstetrícia e ginecologia, para garantir o que seria o ideal”, disse Manuel Pizarro. Questionado sobre se admite mais um trimestre num modelo rotativo de urgências, o ministro disse que sim.

“Admito que possa ser prolongada, nestes moldes ou noutros, enquanto a avaliação for positiva e enquanto não tivermos profissionais para o que queremos verdadeiramente fazer, que é garantir que as 39 maternidades públicas estejam abertas sempre em permanência”, afirmou Manuel Pizarro.

Para o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), continuar com o modelo rotativo por mais um trimestre é, por enquanto, uma boa opção. "Mantendo os recursos que temos hoje e se esta é uma melhor forma de organização para responder à população, não me parece mal", disse Xavier Barreto ao PÚBLICO, considerando que este modelo, embora não seja o ideal, "tem respondido melhor ao que tínhamos antes da sua implementação".

"Com o número de especialistas que temos, este modelo dá uma previsibilidade que não tínhamos antes. Esse era um dos principais riscos, as situações de imprevisibilidade e de as pessoas não saberem aonde se dirigir caso precisassem", acrescentou, deixando um alerta: "Este modelo não pode tirar o foco que precisamos de continuar a ter, de que é preciso recrutar recursos humanos."

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