Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa satisfeito com audição parlamentar sobre abusos

O parlamento vai ouvir a Igreja Católica, a comissão independente para o estudo dos abusos sexuais de menores, a ministra da Justiça e associações de apoio às vítimas sobre abusos sexuais.

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José Ornelas é o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa Adriano Miranda

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, disse esta quarta-feira ter sido "com satisfação" que recebeu a notícia da aprovação da audição parlamentar daquele organismo, a propósito dos abusos de menores na Igreja Católica.

"Da minha parte e da parte da Conferência Episcopal Portuguesa, estamos totalmente disponíveis para prestar todos os esclarecimentos necessários na Assembleia da República a propósito das acções que estamos a realizar no âmbito dos abusos sexuais de menores e pessoas vulneráveis", disse o presidente da CEP.

O Parlamento aprovou esta quarta-feira, por unanimidade, a audição da Comissão Independente para o estudo de abusos sexuais de menores na Igreja, do presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e da ministra da Justiça, entre outras entidades.

"Nós desejamos ser parte activa na resolução desta dramática situação que é transversal a toda a sociedade", assegurou José Ornelas, acrescentando que a audição parlamentar é "um ponto positivo que vai ao encontro de algumas decisões tomadas na última Assembleia Plenária do episcopado português", realizada na sexta-feira, em Fátima.

Para o também bispo de Leiria-Fátima, estas decisões já estão a "ter consequências práticas, desde logo na actuação, por parte de algumas dioceses que receberam as listas [de nomes de alegados abusadores] elaboradas com toda a competência por parte da Comissão Independente e do Grupo de Investigação Histórica dos Arquivos Diocesanos e dos Institutos de Vida Consagrada".

"Todos nos empenhámos para tornar transparente esta investigação, que penso não deixa ninguém indiferente", afirmou José Ornelas para quem, "as medidas já tomadas e que continuarão nos próximos dias [a ser postas em prática] são sinal de um compromisso sério da Igreja em Portugal e de um total empenho em erradicar os abusos sexuais de crianças e jovens, porque isto é algo não só devastador para as vítimas, mas também completamente contraditório com aquilo que é a Igreja, aquilo que é o seu papel e aquilo que ela pretende fazer".

A Comissão Independente para o estudo dos abusos sexuais de crianças na Igreja Católica validou 512 testemunhos, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram arquivados.

Já esta quarta-feira, a arquidiocese de Évora e a diocese de Angra, nos Açores, anunciaram a suspensão cautelar de três sacerdotes, enquanto decorrem investigações sobre alegados casos de abuso por eles praticados.

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