Paulo Rangel ouviu na Ucrânia pedidos de adesão à NATO

Eurodeputado PSD esteve dois dias na Ucrânia no âmbito de uma visita do grupo parlamentar do Partido Popular Europeu.

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Paulo Rangel integrou uma delegação do grupo parlamentar do PPE à Ucrânia Anna Costa

O eurodeputado do PSD, Paulo Rangel, que integrou uma delegação do grupo parlamentar do PPE (Partido Popular Europeu) que esta terça-feira terminou uma visita à Ucrânia, mostrou-se surpreendido com a determinação do Governo ucraniano de avançar com o início das negociações com vista à adesão do país à União Europeia (UE) até ao final deste ano.

“Aquilo que seria de esperar era que o país estivesse focado na guerra (…), mas a verdade é que, para além dessa máquina, que é essencialmente comandada pelo Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, o Governo propriamente dito está extremamente empenhado e tem já muito trabalho feito na questão da adesão à UE para ver se conseguem começar as negociações. Isto é uma coisa que eles gostariam que fosse até ao fim do ano de 2023, logo veremos”, declarou ao PÚBLICO Paulo Rangel, acrescentando que “estão muito adiantados e mesmo os deputados no Parlamento estão muito informados sobre matérias já concretas (...) e já estão a fazer leis."

No balanço de uma visita de dois dias à Ucrânia - com passagens por Bucha, Irpin e Kiev -, Paulo Rangel realçou o facto de o país estar a trabalhar com dois horizontes de futuro. Isso, para mim, foi o aspecto que mais surpreendente. Eles não só estão a tratar da questão da guerra, como uma questão principal, mas continuam a ter muita gente a trabalhar em duas frentes que para eles são essenciais para o futuro: uma é a questão europeia e a outra a reconstrução do país.”

Afirmando que "há uma capacidade de resposta completamente em tempo e detalhada e de interacção nos dossiers europeus, numa altura em que estão essencialmente concentrados na guerra”, o vice-presidente do PPE observa que o processo de adesão ainda vai demorar. "Primeiro, é preciso haver paz e isso vai demorar algum tempo", disse.

Por outro lado, Rangel sublinhou que "é preciso alterar" os tratados da União Europeia. “Com o Tratado de Lisboa na versão em que está, evidentemente não há condições para receber mais países. Temos de alterar as regras de voto, os modos de decisão e isso é uma coisa muito difícil que tem de ser feita, para além de que é muito difícil receber a Ucrânia”, explicou, frisando que vai ser preciso olhar para tudo isto "numa lógica geopolítica."

Segundo Paulo Rangel, "há sondagens interessantíssimas feitas por instituições internacionais que revelam que neste momento o apoio da entrada da Ucrânia na União Europeia na população ucraniana é de 90%.”

Para além da questão da adesão da Ucrânia à UE, os ucranianos também falam da adesão à NATO. “Aqui toda a gente com que nós falamos quer uma adesão à NATO. Alguns até querem uma adesão imediata. Eu, sinceramente, sabia muito bem desta preocupação com a União Europeia, mas julguei que no contexto em que estávamos que esta questão da NATO não fosse tão viva”, revelou Paulo Rangel, garantindo que há na Ucrânia “uma pressão muito grande para que a NATO tenha um papel." No entanto, o eurodeputado entende que esta é uma questão que “seria extremamente problemática” nesta fase e, mesmo no futuro, terá de ser tratada com muita diplomacia.

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