Fotógrafo agredido: “Tinha gente com picareta arrancando pedras da Praça dos Três Poderes”

Pedro Ladeira, repórter fotográfico da Folha de S.Paulo, foi cercado e pontapeado e o seu equipamento roubado.

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Manifestantes bolsonaristas em confrontos ADRIANO MACHADO/Reuters

O fotógrafo da Folha de S.Paulo Pedro Ladeira foi pontapeado, empurrado e acabou com o equipamento roubado durante a cobertura dos actos golpistas e de depredação deste domingo na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

"O clima estava horrível", afirmou Ladeira. "Tinha gente batendo com picareta na calçada da praça dos Três Poderes para tirar pedras e jogar [atirar]", afirmou Ladeira. "O Palácio foi completamente tomado, bem como o Congresso. Eu tentei chegar ao Supremo, mas não deu tempo, me pararam antes."

Ladeira havia conseguido entrar na Esplanada dos Ministérios e começou a fotografar os golpistas logo depois de saber da invasão dos edifícios públicos que representam os Poderes da República. Após 20 minutos, quando chegou à frente do Palácio do Planalto, sede do Governo, foi cercado por seis dos invasores. Alguns usando a camisola da selecção brasileira de futebol, outros, camuflado militar.

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O fotógrafo da Folha conseguiu registar a imagem de alguns dos seus agressores. À esquerda, a mulher que lhe roubou a câmara e uma lente Pedro Lacerda/Folha de S.Paulo

Enquanto era agredido pelos homens, uma mulher mais velha que acompanhava o grupo conseguiu puxar parte dos equipamentos, uma câmara Canon DX e uma lente. Sobrou uma máquina sem lente, que estava junto ao corpo do fotógrafo.

"Enquanto me agrediam, diziam que eles estavam lá para tomar o Brasil, e que eu estava ali 'para foder com eles', porque eu era fotógrafo ", disse Ladeira. "Há outros casos de agressão. Tiraram os cartuchos da máquina de outro colega."

Segundo Ladeira, os atacantes eram muito agressivos e estavam muito tensos.

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Reuters,Carolina Pescada

Ladeira conseguiu deixar o local por volta das 17h (20h em Portugal continental) e fez queixa na 5.ª Delegacia de Polícia por agressão e roubo do equipamento.

A acção de apoiantes de Jair Bolsonaro ocorre uma semana após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, no final do ano passado, após as eleições, houve também actos antidemocráticos instigados pela retórica golpista do ex-Presidente no período eleitoral.

Exclusivo PÚBLICO/Folha de S.Paulo

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