PSD diz que cabe ao Governo apurar casos de discurso de ódio nas forças de segurança

Os sociais-democratas atiram para o Governo e para o Ministério Público a responsabilidade de averiguar o que se passa nas forças de segurança. Mas pedem que não se façam generalizações.

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Hugo Soares (à direita) pediu que não se façam generalizações contra "a excelência" das forças de segurança, mas assumiu "grande preocupação" Paulo Pimenta

O PSD afirma que “cabe ao Governo” apurar as consequências para os quase 600 elementos das forças de segurança que foram identificados por uma investigação jornalística sobre crimes de ódio praticados nas redes sociais. À margem da assembleia política do Partido Popular Europeu (PPE), que decorre esta quinta e sexta-feira em Lisboa, o secretário-geral do PSD, Hugo Soares, defendeu que deve ser o executivo a apurar “até ao limite” as denúncias, mas pediu que se separe “o trigo do joio” e elogiou a “excelência” das forças de segurança.

“O PSD tem um grande respeito pelas forças de segurança portuguesas”, começou por ressalvar Hugo Soares, em declarações aos jornalistas. “Elas são um grande garante do cumprimento do Estado de direito democrático de Portugal. Por essa razão é manifestamente preocupante e absolutamente importante que se possam apurar todas as consequências”, continuou.

“Convém não confundir aqueles elementos com aquilo que são as forças de segurança do nosso país. Elas são umas forças de segurança de excelência”, sublinhou, sem esconder “grande preocupação” em relação à investigação divulgada esta quarta-feira e cujos detalhes continuarão a ser conhecidos nos próximos dias.

O social-democrata insistiu que é preciso “separar o trigo do joio”, isto é “aqueles que eventualmente terão cometido crimes de incitamento à violência, xenofobia ou racismo e separar esses de todos os outros que são a esmagadora maioria das forças de segurança”. “Não podemos misturar comportamentos que são altamente reprováveis de elementos de forças de segurança com o seu conjunto”, acrescentou.

Questionado sobre quando deverá o Ministério Público (MP) agir, Hugo Soares respondeu que cabe ao MP actuar “se entender que deve actuar”. No entanto, antecipa que “parece evidente” que existem indícios criminais. Mas a palavra final e as decisões cabem ao Governo e ao Ministério Público, insistiu.

“Cabe ao Governo no plano interno, designadamente no que diz respeito às matérias de investigação interna dentro dos mecanismos da própria administração pública, apurar o que aconteceu e cabe também ao poder judicial, designadamente ao Ministério Público, fazer as investigações que achar por conveniente fazer face àquilo que são as notícias públicas”, declarou.

Hugo Soares destacou ainda que o Bloco de Esquerda já chamou o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, a prestar declarações. O PCP apresentou o mesmo pedido, ao qual acrescentou a audição da inspectora-geral da Administração Pública.

Já o gabinete do ministro da Administração Interna fez saber que José Luís Carneiro determinou à Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) “a abertura de inquérito, imediato, para apuramento da veracidade dos indícios contidos nas notícias de hoje [quarta-feira] sobre a alegada publicação, por agentes das forças de segurança, de mensagens nas redes sociais com conteúdo discriminatório, incitadoras de ódio e violência contra determinadas pessoas”.

Esta quinta-feira, o PS afirmou estar a acompanhar “com preocupação” as notícias, embora aguarde “com serenidade” o resultado do inquérito aberto para tirar ilações. A deputada socialista Joana Sá Pereira defendeu que o Governo foi “bastante rápido” ao determinar a abertura de um inquérito sobre a veracidade das notícias e afirmou que o PS vai esperar pelos resultados dessa investigação para fazer a sua reflexão.

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