Padres sem acusação em dois processos distintos que envolvem menores

Um processo canónico foi concluído com o decreto de “não provada a acusação” e o Ministério Público arquivou o outro caso.

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A Igreja Católica tem estado sob forte escrutínio por causa das denúncias de abusos sexuais sobre menores Adriano Miranda

Dois padres da área da Grande Lisboa, que tinham sido acusados de abuso de um menor, num dos casos, e de troca de mensagens inapropriadas com jovens, no outro, não viram, por enquanto, provadas qualquer uma das queixas, informou esta terça-feira o Patriarcado de Lisboa, em comunicado. Num dos casos está em causa um processo canónico e no outro uma investigação do Ministério Público, que foi arquivada.

O primeiro caso envolve o padre Luís Cláudio Ferreira dos Santos, que foi suspenso da paróquia de Massamá, em Sintra, depois de ter sido apresentada uma queixa junto da comissão diocesana de protecção de menores do patriarcado, referente ao alegado abuso de um menor. Os factos, segundo foi divulgado no início de Outubro, foram remetidos ao Ministério Público, e sobre essa situação não há qualquer referência no comunicado desta terça-feira. O que ficou, por enquanto, concluído foi o processo canónico diocesano movido ao padre e que, segundo o Patriarcado de Lisboa, terminou “com o decreto de não provada a acusação”.

No comunicado, refere-se ainda que “nenhuma das partes apelou do decreto ou pediu a sua modificação”. Como tal, conclui-se, “a causa ficou concluída e cessaram as medidas cautelares em vigor”.

O segundo caso refere-se à queixa, apresentada por pais de estudantes do Colégio S. Tomás, da Quinta das Conchas, em Lisboa, contra o padre Duarte Andrade e Sousa, por este ter, alegadamente, partilhado imagens obscenas num grupo de WhatsApp que mantinha com vários alunos do colégio.

O caso foi divulgado pelo jornal 7Margens, em Julho, com a indicação de que o padre não voltaria ao colégio e que o cardeal patriarca o tinha também interditado de manter qualquer contacto isolado com jovens, nomeadamente em qualquer activada da paróquia de Nossa Senhora do Carmo, na Quinta do Lambert, em Lisboa, onde era pároco.

Agora, o Patriarcado de Lisboa vem dizer que foi “notificado pelo Ministério Público do arquivamento do processo” relativo a este caso, acrescentando: “Quanto ao processo canónico continuamos a aguardar instruções do Dicastério.

Como tem sido habitual nos vários comunicados referentes a suspeitas de abusos por parte de padres, o Patriarcado de Lisboa salienta, mais uma vez, “o seu compromisso em tudo fazer para erradicar esta dramática realidade dos abusos de menores”, mostrando-se “sempre disponível para colaborar com as autoridades competentes, tal como para acompanhar as vítimas que assim o desejarem”.

No mês passado, a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos de Menores na Igreja tornou público que foram validados 424 testemunhos de abusos sexuais sobre menores, por parte de membros da Igreja Católica portuguesa. Das denúncias recolhidas, 17 foram remetidas para o Ministério Público, que instaurou dez inquéritos, tendo arquivado, entretanto, seis deles.

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