A obra da linha Rosa do metro do Porto “não é isenta” às consequências da guerra na Ucrânia e haverá um “aumento de preços significativo”. Esta situação “inevitável” não irá, no entanto, ser um problema, garantiu na manhã desta quinta-feira o secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Moreno Delgado: “[Haverá] um esforço grande por parte do Estado para acrescentar as verbas necessárias para que a obra não páre.”

Numa visita ao estaleiro da empreiteira na Praça da Galiza, onde ficará uma das quatro estações da futura linha de metro, Jorge Delgado disse estar a contar com “aumentos na casa dos 20 ou 30%” que, “no limite”, serão suportados pelo Orçamento do Estado.

A necessidade de rever o orçamento já foi comunicada pelo empreiteiro à Metro do Porto. Mas, para já, é “extemporâneo” avançar com o valor em causa, considerou Tiago Braga, presidente da empresa: “Os 20 a 30% é o número que toda a gente refere, mas é extemporâneo porque temos um bolo global de 407 milhões de euros que vamos gerir até ao limite da nossa capacidade, no sentido de acomodar este sobrecusto.”

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No estaleiro da futura estação - que será desenhada por Souto de Moura e deverá acolher, no seu jardim, a fonte da Natividade, fonte do século XVII encontrada em escavações arqueológicas na Praça da Liberdade -, Tiago Braga explicou aos jornalistas que, por ali, as escavações já foram concluídas. O aço, matéria-prima muito usada nesta fase, é uma das que tem escasseado já que um dos maiores produtores mundiais é, precisamente, a Ucrânia.

Entre a última semana de Setembro e a primeira de Outubro começará a ser feito o túnel de ligação entre a Galiza e o hospital de Santo António e cerca de um mês depois acontecerá o mesmo no outro sentido, em direcção à Casa da Música.

Os prazos de conclusão dos trabalhos mantêm-se. A obra deverá terminar a 31 de Dezembro de 2024, estando a entrada em funcionamento prevista para o primeiro trimestre de 2015. E é esse o foco que Tiago Braga pretende manter: “O impacto social, económico e ambiental desta linha é fundamental. No final, o vale económico compensa largamente o sobrecusto que possa existir.”

A garantia da conclusão da obra no prazo previsto deixou Rui Moreira “satisfeito”. Conhecendo os “grandes constrangimentos” de uma empreitada deste género, o autarca do Porto pediu paciência aos moradores e comerciantes. “Percebemos que há pessoas que no dia-a-dia estão incomodadas com as obras, quer pelo ruído quer pelo trânsito”, apontou, considerando que são “ossos do ofício de quem vive na cidade e sabe que ela precisa de resolver um problema de mobilidade” num “eixo carregadíssimo de automóveis”.

Aos moradores e comerciantes que têm lamentado o ruído excessivo, Tiago Braga deixou uma garantia e uma esperança: a primeira é de que a Metro do Porto está a usar várias estratégias para mitigar esse impacto, a segunda é que até ao fim do ano, quando o essencial da obra se concentrar nos túneis, esse ruído reduzirá substancialmente.