Marta Temido, uma demissão banal

A glória que Marta Temido acumulou entre 2020 e 2022 deu lugar à imagem de desleixo e incompetência que vai minando a credibilidade da Saúde. Por uma questão de justiça, é melhor evitar esses extremos: a ministra nem foi uma heroína na pandemia nem uma incompetente a seguir.

A demissão da ministra Marta Temido é a decorrência natural de um pecado original deste Governo: ter sido constituído com os restos do anterior. Há muitas falhas que lhe podem, e devem, ser directamente imputadas, mas depois de quatro anos terríveis na pasta da Saúde, é fácil compreender que o desgaste da pandemia ou as exigências de um SNS a acusar crescentes fragilidades acabariam por desgastar a ministra até ao limiar da sua demissão. A sua saída é por isso banal, tem tanto um sinal de fracasso político pessoal de Marta Temido, como um sinal de fraqueza de um Governo que, em vez de aproveitar a bonança da maioria no Parlamento para ousar novos desígnios para o país, teve como inspiração o conforto da rotina, da previsibilidade e da continuidade conservadora.

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