José Eduardo dos Santos soube criar proximidade e Portugal deve-lhe muito, diz Cravinho

João Gomes Cravinho destacou capacidade do ex-presidente de Angola em estabelecer relações de proximidade com os presidentes da República portugueses, na chegada à cerimónia fúnebre de José Eduardo dos Santos.

Foto
O ministro dos Negócios Estrangeiros encontra-se em Luanda LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), João Gomes Cravinho, destacou este domingo o papel do ex-presidente angolano, José Eduardo dos Santos, sublinhando que soube criar proximidade com Portugal e que o país “lhe deve muito”.

As cerimónias fúnebres do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos concluem-se este domingo, data em que completaria 80 anos, com um funeral de Estado na presença de vários Presidentes, incluindo Marcelo Rebelo de Sousa, e representantes da diplomacia de diversos países.

“[José Eduardo dos Santos] soube estabelecer com todos os Presidentes da República portugueses eleitos em democracia, devido à longevidade da sua carreira, relações que propiciaram a proximidade entre os nossos povos e nesse sentido também Portugal lhe deve muito”, destacou Cravinho, à chegada à Praça da República onde decorrem as exéquias, em Luanda.

Para o chefe da diplomacia portuguesa esta “é a homenagem que Angola e o mundo devem” a José Eduardo dos Santos, que foi Presidente durante 38 anos “em tempos difíceis e complexos”.

“Mostrou liderança extraordinária em momentos decisivos para Angola e o continente africano e naturalmente Portugal não podia deixar de estar presente ao mais alto nível”, comentou João Gomes Cravinho.

O antigo chefe de Estado morreu a 8 de Julho, com 79 anos, em Barcelona, Espanha, onde passou a maior parte do tempo nos últimos cinco anos, mas as exéquias só agora se vão realizar devido à disputa sobre a custódia do corpo entre duas facções da família de José Eduardo dos Santos — a viúva e os três filhos mais novos, apoiados pelo regime angolano, contra os cinco filhos mais velhos.

Nas cerimónias deste domingo encontram-se Ana Paula dos Santos e os três filhos que teve em comum com o antigo chefe de Estado, bem como um outro filho, José Filomeno dos Santos “Zenu”, que foi condenado pela justiça angolana a uma pena de prisão pelo seu envolvimento num caso de corrupção e aguarda, em liberdade, decisão sobre o recurso que interpôs.

O funeral fica marcado também pela ausência das mediáticas filhas mais velhas do ex-presidente, a empresária Isabel dos Santos que enfrenta diversos processos na justiça angolana e em outros países, e a ex-deputada do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), Tchizé dos Santos, que declarou o seu apoio ao candidato da UNITA à presidência angolana, Adalberto da Costa Junior, contra o candidato do MPLA e sucessor do seu pai na presidência, João Lourenço.

Presentes no funeral estão o presidente da UNITA, que chegou pelas 9h30 ao local, bem como líderes de outros partidos da oposição, bispos católicos, membros do executivo angolano e outras individualidades.

A praça da República, onde se encontra o monumento fúnebre do primeiro Presidente angolano, no Memorial António Agostinho Neto, foi novamente escolhida para as cerimónias fúnebres, depois de ter acolhido um velório público sem corpo logo após a morte de José Eduardo dos Santos, durante um luto nacional de sete dias.

Ao longo do dia haverá honras militares num programa que inclui música lírica, leitura de mensagens do Estado angolano e da família, do MPLA, da Fundação José Eduardo Santos e leitura do elogio fúnebre, bem como um culto ecuménico, acompanhado de grupos corais.

Sugerir correcção
Ler 32 comentários