Coimbra vai estudar reestruturação da rede de transportes para se adaptar ao metrobus

Cidade tem dois anos para repensar mobilidade. Câmara municipal está preocupada com novo atraso no Sistema de Mobilidade do Mondego.

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As linhas do Sistema de Mobilidade do Mondego vão ficar com os pontos de maior procura da rede dos SMTUC Paulo Pimenta

Com a entrada em funcionamento do sistema de metrobus apontado para o primeiro trimestre de 2024, a rede dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) terá de ser reestruturada. A vereadora da Câmara Municipal de Coimbra (CMC) com o pelouro dos Transportes e Mobilidade, Ana Bastos, refere que a autarquia terá que lançar um concurso para que essa avaliação seja feita exteriormente, “uma vez que não há condições nem competências” para o fazer na CMC. “Essa reestruturação da rede terá que ser devidamente compatibilizada com a rede do metrobus, numa óptica de complementaridade, não-concorrencial”, afirmou, nesta segunda-feira, após a presentação de cinco autocarros eléctricos que vão reforçar a frota dos SMTUC.

As linhas do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM) vão ficar com os pontos de maior procura da rede e será preciso acautelar uma possível perda de passageiros e receitas. No entanto, sublinhou que, havendo dois anos de distância, ainda há “tempo para fazer essa análise”.

Mais preocupante é o mais recente atraso do SMM: na semana passada, foi anunciado que o concurso para o material circulante iniciado em 2021 ficou vazio e que este teve que ser novamente lançado. Isto significa uma nova derrapagem na data: em vez de começar a circular no último trimestre de 2023, o metrobus deverá começar em Março de 2024. “Claro que nos preocupa”, responde Ana Bastos sobre o novo atraso. Referiu, no entanto, que “o concurso de material circulante não fazia parte do caminho crítico”.

O que preocupa ainda mais a CMC é a construção do Parque de Manutenção e Oficinas, que tem vindo a ser adiado. “Está em fase de licenciamento”, disse a responsável, que falou ainda, sem concretizar, numa “série de problemas” ligados aos três troços do SMM (Alto de São João-Portagem, Portagem-Estação Velha e Linha do Hospital).

Neste redesenho da mobilidade em Coimbra, a única certeza é que, para já, saíram de cena os tróleis, os autocarros eléctricos ligados a catenárias da frota dos SMTUC. Mas a vereadora garante que a medida não é permanente. “Estamos à procura de projectos alternativos que nos permita manter em funcionamento” os tróleis, disse Ana Bastos. Este sistema é “caro por natureza, quer em termos de operação, que em termos de manutenção”, justificou, referindo que a sua utilização poderá estar, no futuro, mais orientada para turismo e cultura. Para já, por causa das obras de instalação do SMM, parte da rede que alimenta os tróleis está a ser desactivada. Sobre a restante frota dos SMTUC, num total de 170 veículos, apenas 24 são eléctricos.

Também presente na apresentação, o presidente da CMC, José Manuel Silva, disse que a autarquia vai aproveitar “todas as oportunidades possíveis” que houver de financiamento para adquirir novos autocarros eléctricos, mas avisou que a câmara não tem capacidade para, sozinha, renovar a frota.

Lembrou também que o aumento do preço dos combustíveis tem um impacto estimado de 6 milhões de euros por ano nas contas dos SMTUC e anunciou que a CMC vai “precisar da ajuda e contribuição do Governo”. “Vivemos uma equação impossível de resolver”, disse, acrescentando que, agora que o novo Governo vai tomar posse, a autarquia vai “desencadear os mecanismos” para que haja esse apoio “imprescindível”.

A escalada dos preços da energia surge numa altura em que os transportes públicos de Coimbra ainda não recuperaram do impacto pandémico. Em 2021, os SMTUC transportaram 7,6 milhões de passageiros, revelou Ana Bastos, “pouco mais de metade daqueles que transportava em 2019, apesar de, em 2021, se ter aumentado a oferta de serviços em mais 6,9%”.

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