Santander Portugal fecha 2021 com lucros de 298 milhões

O Santander alcançou lucros próximos de 300 milhões, num ano em que saíram 1175 trabalhadores no âmbito de um “profundo processo de transformação”.

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LUSA/TIAGO PETINGA

O Santander Portugal reportou resultados líquidos de 298,2 milhões de euros em 2021, valor que representa um aumento de 0,9% face aos lucros de 295,6 milhões que tinham sido alcançados no ano anterior. A condicionar a evolução dos resultados estiveram os custos de quase 165 milhões de euros com o plano de reestruturação em curso, que levou à saída de centenas de trabalhadores.

Os resultados foram anunciados esta quarta-feira, em comunicado enviado às redacções. “Em 2021, o resultado líquido do Banco Santander registou um crescimento ligeiro face ao período homólogo. Este foi mais um ano marcado pela pandemia e pelo seu impacto na economia”, refere o presidente da instituição, Pedro Castro Almeida, citado em comunicado.

Foi, ao mesmo tempo, um ano marcado por um “profundo processo de transformação” do banco, que implicou um encargo extraordinário no valor de 164,5 milhões de euros com a “optimização da rede de agências e investimentos em processos e tecnologias”. No âmbito deste processo, saíram do Santander 1175 trabalhadores ao longo do ano passado. A maioria destes (96%), garantiu Pedro Castro Almeida em conferência de imprensa, foi “por iniciativa própria”. Já 49 destes trabalhadores (o equivalente a 4% do total) recusaram os acordos de rescisão que lhes foram propostos e foram alvo de um despedimento colectivo, processo que decorre actualmente em tribunal.

Assim, o Santander fechou o ano com 4805 trabalhadores em Portugal (contra os 5980 com que contava em 2020) e reduziu o número de agências de 427 para 348. Este ano, assegura o presidente do banco, a expectativa é “manter ou mesmo aumentar o número de trabalhadores”, uma vez que o Santander vai contratar para a área de tecnologia.

Crédito e depósitos crescem, margem desce

A compensar este custo extraordinário esteve o crescimento da actividade bancária. No final de 2021, a carteira de crédito do Santander totalizava 43,4 mil milhões de euros, valor que representa uma subida de 1,7% face ao ano anterior. Este crescimento resulta, sobretudo, do segmento de crédito à habitação, que totalizou 21,9 mil milhões de euros, um aumento de 6%.

Ainda no que diz respeito ao crédito, o Santander reduziu o rácio de crédito malparado de 2,6% em 2020 para 2,3% no final do ano passado. Isto num ano em terminaram as moratórias do crédito, um evento que, segundo o Santander, teve um impacto “marginal” e que não será motivo de preocupação ao longo deste ano. “Quanto à saída das moratórias, não temos tido sinais de grande preocupação, quer nos particulares, quer nas empresas. Nem seria expectável que assim fosse, tendo em conta o crescimento da economia a que assistimos. Mesmo no sector do turismo, mais afectado pela pandemia, não há preocupação”, referiu Pedro Castro Almeida durante a conferência de imprensa.

Foi neste cenário que o banco reduziu as imparidades líquidas em 60,8%, para 73,5 milhões de euros.

Também os depósitos registaram uma evolução positiva. No final de 2021, os depósitos totalizavam 38.462 milhões de euros, mais 8,5% do que em 2020, enquanto os recursos relativos aos fundos de investimento geridos ou comercializados pelo Santander aumentaram em mais de 33% e totalizaram 4340 milhões de euros. Feitas as contas, os recursos totais de clientes aumentaram 8,5% e ascenderam a 46.941 milhões de euros em 2021.

A retoma da actividade económica levou, também, a um crescimento de 14,3% das comissões líquidas, que totalizaram 426,6 milhões de euros. Ao mesmo tempo, o produto bancário cresceu 2,8% e ascendeu a 1318 milhões de euros, enquanto os custos operacionais totalizaram 528,7 milhões de euros, uma redução de 8,4% que resulta da diminuição dos custos com pessoal.

Apesar da melhoria destes indicadores, o contexto de taxas de juro em níveis historicamente baixos voltou a penalizar as contas do banco e levou a quebras do lado da receita. Neste contexto, a margem financeira caiu 7,2%, para 729,6 milhões de euros, um movimento explicado também pela “continuada redução dos spreads de crédito, num enquadramento concorrencial que permanece bastante competitivo”.

Quanto à liquidez e solvabilidade, o Santander fechou 2021 com um rácio de common equity tier 1 de 25,2%, acima dos 20,6% registados no final do ano anterior. Este aumento é registado num ano em que, por recomendação do Banco Central Europeu (BCE), o Santander não distribuiu dividendos à casa-mãe. Já este ano, adianta o banco, deverão voltar a ser distribuídos dividendos, no valor de 480 milhões de euros, relativos ao exercício de 2019 (ainda não pago devido à pandemia).

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