Agência Europeia de Medicamentos aprovou vacina da Novavax contra a covid-19

Trata-se de uma tecnologia diferente das vacinas que estão em utilização actualmente: a vacina usa uma proteína do vírus e um adjuvante para desencadear uma reacção imunitária. A eficácia rondava os 90% antes de surgir a Ómicron.

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A União Europeia anunciou a compra de 200 milhões de doses da Novavax Reuters/Dado Ruvic

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) aprovou numa nova vacina contra a covid-19: trata-se da Nuvaxovid, produzida pela empresa norte-americana Novavax. É a quinta vacina autorizada no espaço europeu e tem uma tecnologia de diferente: usa uma versão da proteína de espícula do vírus SARS-CoV-2 mais um adjuvante, uma substância que potencia a resposta imunitária à vacina.

A vacina é também administrada em duas doses. “O sistema imunitário identificará a proteína da vacina como um corpo estranho e vai activar as suas defesas naturais – os anticorpos e os linfócitos T – contra ela”, explica o comunicado da EMA que dá luz verde à vacina da Novavax.

Se algum tempo depois a pessoa vacinada entrar em contacto com o coronavírus, o sistema imunitário reconhecerá a proteína de espícula – que se encontra na superfície do vírus e que serve para penetrar nas nossas células – e está preparado para a combater. Os anticorpos e as células linfócitos T trabalharão em conjunto para destruir o vírus e as células entretanto infectadas.

A aprovação da EMA baseia-se nos resultados dos dois principais ensaios clínicos feitos para a vacina – mas há poucos dados ainda sobre a sua eficácia face à nova variante Ómicron. Nestes dois ensaios clínicos, um no México e nos Estados Unidos, outro no Reino Unido, que envolveram um total de 45 mil pessoas, a vacina Nuvaxovid mostrou uma eficácia em torno dos 90% para evitar a doença covid-19 em pessoas com mais de 18 anos.

No estudo conduzido no México e nos EUA, cujos resultados foram publicados a 15 de Dezembro na revista New England Journal of Medicine, houve uma redução de 90,4% dos casos sintomáticos de covid-19 a partir de sete dias desde que foi administrada a segunda dose (14 casos em 17.312 pessoas). Nas 8140 pessoas que receberam um placebo (um produto sem actividade clínica) houve 63 casos de covid-19 sintomáticos.

No ensaio feito no Reino Unido, houve uma redução semelhante no número de casos de covid-19 sintomáticos entre quem tomou a vacina (houve dez casos em 7020 pessoas), comparado com quem tomou um placebo (96 em 7019 pessoas). Neste estudo, a eficácia foi de 89,7%.

A União Europeia anunciou a compra de 200 milhões de doses desta vacina, que poderá vir a ser produzida em Portugal, numa fábrica do grupo biotecnológico galego Zendal, cuja imprensa Biofabri tem um acordo com a Novavax.

A Organização Mundial da Saúde, entretanto, autorizou a versão desta vacina produzida pela empresa indiana Serum Institute – uma boa notícia para a iniciativa COVAX, que pretende levar vacinas contra a covid-19 aos países mais pobres e que, quando foi concebida, assentava essencialmente nas vacinas da Novavax e da AstraZeneca. Mas a vacina da Novavax demorou mais tempo que o previsto a desenvolver – porque as primeiras fórmulas não tinham a eficácia desejada. Agora, espera-se que a Novavax e o Serum Institute comecem a cumprir a encomenda de 1100 milhões de doses da COVAX.

A Indonésia foi o primeiro país a aprovar a vacina da Novavax, mas a empresa pediu autorizações para entrar em grandes mercados internacionais, como o norte-americano e o britânico, além do europeu.

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