Cinco anos de prisão para apoiante de Trump que invadiu o Capitólio

Robert Palmer, de 54 anos, agrediu a polícia com uma lança improvisada e com um extintor de incêndio. Mostrou-se arrependido e disse que foi enganado pelo ex-Presidente dos EUA, mas a juíza aplicou-lhe a pena mais pesada das que foram anunciadas até agora.

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O Departamemto de Justiça acusou quase 700 pessoas Reuters/Shannon Stapleton

Um cidadão norte-americano da Florida que participou na invasão do Capitólio dos Estados Unidos, a 6 de Janeiro de 2021, foi condenado, na sexta-feira, a cinco anos e três meses de prisão — a pena mais pesada de todas as que foram aplicadas, até agora, nos julgamentos de centenas de apoiantes do ex-Presidente dos EUA, Donald Trump.

Robert Palmer, de 54 anos, esteve envolvido na batalha mais violenta entre os apoiantes de Trump e a polícia do Capitólio, pouco antes de a multidão ter invadido a sede do Congresso dos EUA.

Segundo a acusação, Palmer atacou a polícia com uma lança improvisada e atirou um extintor de incêndio contra os agentes.

Durante a leitura da sentença, na sexta-feira, Palmer mostrou-se arrependido, e disse que se sente injustiçado por ser condenado a uma pena de prisão quando “os líderes” do ataque ao Capitólio continuam em liberdade.

Numa carta enviada à juíza Tanya Chutkan, do tribunal federal de Washington D.C., Palmer disse que ele e outros apoiantes de Trump “foram enganados pelos detentores do poder na altura”.

“Eles inventaram uma narrativa sobre uma fraude eleitoral, e disseram-nos que era nosso dever enfrentarmos a tirania”, disse Palmer.

“Não percebi que os verdadeiros tiranos eram eles, desesperados por se manterem agarrados ao poder a qualquer custo, sabendo que as suas mentiras iam causar o caos.”

As queixas de fraude eleitoral foram rejeitadas em dezenas de processos nos tribunais norte-americanos, incluindo no Supremo Tribunal dos EUA; e a vitória de Biden em Novembro de 2020 foi certificada em todos os passos do longo processo pós-eleitoral nos EUA: primeiro por cada um dos 50 estados norte-americanos, depois pelo Colégio Eleitoral, e finalmente pela sessão conjunta das duas câmaras do Congresso, no dia 6 de Janeiro de 2021.

"Consequência das acções"

A juíza Chutkan tem-se destacado por aplicar algumas das penas mais pesadas aos apoiantes de Trump que invadiram o Capitólio para tentarem impedir a abertura dos votos do Colégio Eleitoral — o derradeiro passo na confirmação da eleição de Joe Biden como Presidente dos EUA.

Perante o arrependimento de Palmer, a juíza disse que concorda com a crítica ao facto de os instigadores do ataque ao Capitólio não estarem a ser julgados. Mas disse, também, que isso não é uma responsabilidade sua, e não mostrou clemência no momento da aplicação da pena.

“As pessoas que o exortaram e o encorajaram a agir não foram acusadas. Isso não compete ao tribunal. Tenho as minhas opiniões sobre isso, mas não são relevantes”, disse a juíza.

Ao pronunciar a sentença de 63 meses de prisão, Chatkin quis sublinhar que “a tentativa de derrubar o Governo pela força e de impedir a transição pacífica de poder” deve ser recebida “com uma punição garantida”.

“A sentença aplicada é uma consequência dessas acções. Não estou a fazer de si um exemplo; estou a condená-lo pela sua conduta”, disse a juíza.

Antes de Palmer, a condenação mais pesada era de 41 meses de prisão — aplicada, em Novembro, a dois acusados: um proprietário de um ginásio em Nova Jérsia, Scott Fairlamb; e Jacob Chansley, o homem que ficou conhecido como o xamã do QAnon.

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