Avesso: Elegância e harmonia à mesa

A casta avesso, uma das mais nobres da Região dos Vinhos Verdes, dá origem a vinhos distintos com grande apetência gastronómica.

Foto

Os vinhos da casta avesso são elegantes, frescos, um pouco mais volumosos do que os das suas congéneres da Região dos Vinhos Verdes. No seu aroma salientam-se notas florais e minerais, de fruta citrina e de caroço e algum fruto seco e mel à medida que caminham no tempo. Na boca são um pouco mais encorpados do que os vinhos das outras castas brancas da região, e são elegantes e harmoniosos.

A última vez que escolhi um deles na ementa de um restaurante ainda decorriam as férias do tempo quente. Era Setembro, estava no Algarve e tinha pedido lulas fritas em azeite, um prato simples, apenas temperado com alho e coentros, mas muito saboroso quando o sabem fazer. O vinho da casta avesso foi escolhido quase ao primeiro olhar. E não foi só um grande companheiro do prato de lulas, mas também do saboroso e rico arroz de marisco que o resto da família comeu.

A casta avesso é uma das mais nobres da Região dos Vinhos Verdes, com o alvarinho, o arinto, o loureiro, o azal e a trajadura. A sua plantação concentra-se no limiar da região do Douro, sobretudo nas sub-regiões de Baião, Resende e Cinfães, onde encontra as condições mais favoráveis para se desenvolver e produzir os vinhos que expressam melhor as características distintas que a variedade pode oferecer a quem os aprecia. Mas a casta avesso também se dá bem quando loteada com arinto, trajadura ou loureiro, acrescentando complexidade aromática e corpo aos lotes. 

É uma variedade que se dá melhor em solos de origem granítica, mais secos e menos férteis, do que as outras castas da região dos Vinhos Verdes, e que amadurece com mais dificuldade acima dos 300 metros de altitude. Neste caso, pode entrar em lotes com outras variedades ou ser espumantizada.

Os seus vinhos, elegantes, frescos e harmoniosos, casam bem com pratos de peixe e marisco cozinhados, incluindo massas, arrozes e cataplanas e por aí adiante, desde que não incluam temperos muito fortes.

Aqueles que têm um pouco mais tempo de vida podem ser também bons parceiros de saladas de peixe e frango, queijos e mesmo presunto serrano, assumindo que são servidos à temperatura certa –  entre os 8 e os 10 graus centígrados no copo –, como é evidente.


Este artigo foi publicado no n.º 3 da revista Singular

Sugerir correcção
Comentar