Crise na fronteira: UE vai tentar travar o fluxo de migrantes nos países de origem

O presidente do Conselho Europeu que apostar na via diplomática, apelando à implementação de medidas que contenham o fluxo de pessoas. Mais sanções à Bielorrússia “estão em cima da mesa”.

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Charles Michel e o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, reuniram-se esta quarta-feira em Varsóvia MARCIN OBARA/EPA

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, reuniu-se nesta quarta-feira em Varsóvia com o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, para discutir a crise migratória na fronteira da Polónia com a Bielorrússia. Michel reconheceu a necessidade de se “decidir sobre sanções concretas e efectivas” para lidar com a situação, mas defendeu, ainda assim, que se avance primeiro por uma via diplomática para conter o fluxo de pessoas nos países de origem.

Michel, que demonstrou o seu apoio e “solidariedade” com Varsóvia, por causa dos milhares de migrantes que tentam entrar na Polónia desde a Bielorrússia, defendeu que a UE entre em contacto com os Governos dos países do Médio Oriente de onde vêm muitos dos migrantes que chegam à Bielorrússia. Nesse sentido, o vice-presidente da Comissão Europeia responsável pela migração, Margaritis Schinas, em coordenação com o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, viajará para a região nos próximos dias para apelar a medidas que contenham o fluxo migratório, segundo anunciou a presidente da comissão, Ursula von der Leyen.

Michel indicou ainda que serão realizados contactos com as companhias aéreas para “lhes explicar os impactos concretos” que os seus voos para Minsk estão a ter no “ataque híbrido” lançado pelo Governo de Alexander Lukashenko contra a fronteira europeia.

“Se não formos capazes de convencer com argumentos, devemos estar dispostos a decidir sobre sanções concretas e efectivas, porque precisamos de ser firmes”, avançou.

Além disso, a UE está a trabalhar em novas sanções e devem ser aprovadas com celeridade, provavelmente no início da próxima semana. Von der Leyen avançou nesta quarta-feira que as novas medidas devem abranger não só indivíduos, mas também entidades.

“As sanções estão em cima da mesa. Devemos agora organizar-nos com os Estados-membros para identificar ferramentas eficientes. Este ataque híbrido contra a Polónia e a UE tem de acabar”, referiu Michel na conferência de imprensa na capital polaca.

A implementação de sanções mais duras foi, aliás, um dos pedidos do primeiro-ministro polaco. Em concreto, Morawiecki exigiu novas “sanções económicas” e “sanções para as companhias aéreas, incluindo as bielorrussas”. Para explorar novas medidas, pediu também que o Conselho da União Europeia se reunisse “antes de Dezembro”.

Sobre o pedido de Varsóvia, feito em Outubro, para que os fundos europeus financiem a construção do muro na fronteira polaca com a Bielorrússia, Michel disse que é o executivo comunitário quem “deve tomar a decisão” sobre o destino dos fundos. Apesar de Bruxelas já se ter pronunciado sobre a questão – não financia este tipo de obras –, Michel referiu, ainda assim, que o debate está aberto e que “deve clarificar-se o quanto antes”.

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