Governo polaco pede estado de emergência na fronteira com Bielorrússia devido ao fluxo migratório

Se o estado de emergência for declarado, serão controlados os movimentos e deixa de haver espaço para “incursões, eventos ou manifestações” na zona das fronteiras.

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A crise migratória denunciada pelo Governo da Polónia reflecte-se nos 30 migrantes, provavelmente afegãos, que ficaram encalhados num campo improvisado entre a Bielorrússia e a Polónia KACPER PEMPEL/Reuters

O Governo polaco pediu esta terça-feira ao Presidente que declare estado de emergência na fronteira com a Bielorrússia por temer um fluxo incontrolável de migrantes e mais exercícios militares russos.

Milhares de migrantes, principalmente oriundos do Médio Oriente, cruzaram a fronteira entre a Europa e a Bielorrússia nos últimos meses, com a União Europeia a suspeitar tratar-se de uma forma de retaliação do regime de Minsk contra as sanções europeias.

“O Conselho de Ministros decidiu esta terça-feira pedir ao Presidente que estabeleça um estado de emergência por 30 dias” em 183 cidades e vilas ao longo da fronteira, anunciou o primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki, em conferência de imprensa.

“Temos de prevenir as operações “híbridas” agressivas que seguem o plano de Minsk e dos que protegem [o Presidente bielorrusso, Alexander] Lukashenko”, afirmou.

Durante o estado de emergência, as manifestações de todos os tipos são proibidas no território e todas as pessoas devem apresentar documento de identidade, além de ser proibido o porte de armas, explica o Governo em comunicado.

O Ministério do Interior registou, só em Agosto, cerca de três mil tentativas de entrar ilegalmente na Polónia a partir da Bielorrússia.

De acordo com o ministro do Interior, Mariusz Kaminski, o regime de Minsk trouxe, no espaço de algumas semanas, cerca de 10 mil iraquianos para perto da fronteira para os ajudar a entrar na Polónia, na Lituânia e na Letónia, referindo a possibilidade de haver “reservatórios de migrantes” na Turquia, Líbano e Rússia.

Se o estado de emergência for declarado pelo Presidente, deixa de haver espaço para “incursões, eventos ou manifestações” na zona das fronteiras, alertou o ministro.

Por outro lado, alertou, a Polónia tem de estar preparada para uma situação “que poderá causar muita tensão” na fronteira quando for realizado o próximo exercício militar russo Zapad-2021, que deverá colocar cerca de 200 mil soldados em territórios russos e bielorrussos, incluindo “cerca de 12 mil militares russos perto de Brest [junto da fronteira polaca]”.

A crise migratória denunciada pelo Governo nacionalista conservador da Polónia tem como situação mais visível a existência de 30 migrantes, provavelmente afegãos, encalhados num campo improvisado entre a Bielorrússia e a Polónia, que se recusa a deixá-los entrar no seu território ou a permitir a ajuda de organizações humanitárias.

O Governo continua intransigente, mesmo após vários apelos do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, do Conselho da Europa e do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

O primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki, proclamou recentemente a necessidade de proteger o “sagrado território polaco”.

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