Quando se encara um tubarão, o importante é sobreviver

O Benfica defronta o Bayern de Munique, nesta quarta-feira (20h, TVI), no Estádio da Luz, em jogo do grupo E da Liga dos Campeões. Um triunfo encaminhará o apuramento para os “oitavos”, um empate será saboroso e uma derrota não hipotecará, para já, as contas “encarnadas”.

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Antes de jogar com o Dínamo de Kiev, na Liga dos Campeões, Jorge Jesus disse não acreditar que os ucranianos fossem a equipa mais fraca do grupo E. E foi mais longe: “O Dínamo é tão forte como o Barcelona e o Bayern de Munique”.

Nesta terça-feira, horas antes de enfrentar os alemães, no Estádio da Luz, o técnico “encarnado” teve de fazer uma ginástica na retórica. Afinal, crê Jesus, não há no planeta nenhuma equipa como o Bayern. “Vamos defrontar uma equipa que é considerada a mais forte do Mundo. E eu também penso da mesma maneira”, apontou.

Se dúvidas ainda existissem sobre o que pensa dos alemães, o técnico, que garantiu que o Benfica pode disputar o jogo, tratou de as dissipar logo a seguir: “Se pudesse escolher, escolheria os três pontos. Se não puder ganhar, um ponto já é bom”.

Algum benfiquista aceitaria que Jesus aceitasse um ponto numa recepção ao Dínamo, na Luz? Provavelmente, não. E daqui se depreende que, em tese, é esta versão de Jesus que estará mais próxima da realidade – seja porque há algumas semanas sobrevalorizou o Dínamo ou, mais importante do que isso, porque mostra noção, agora, do que é o Bayern. E o Bayern é, por estes dias, o “tubarão-mor” do futebol europeu. No fundo, quando se encara um “bicho" destes, a ideia é sobreviver – palavra que, no futebol, significa empate.

Jesus promete “onze” ofensivo

Para este jogo, o Bayern vai a Lisboa sem Leon Goretzka e também sem Alphonso Davies, o melhor lateral-esquerdo do mundo – palavra de Jesus. O que significa isto? Na globalidade, pouco ou nada, já que os alemães estão mais do que apetrechados para compensarem essas ausências.

Em detalhe, a ausência de Goretzka deixará o Bayern com um perfil menos físico e intenso, enquanto a ausência da “mota” Davies pode seduzir Jesus a lançar o mais ofensivo Diogo Gonçalves, em vez de Gilberto.

E por falar em perfil ofensivo, foi isso que Jesus prometeu para este jogo. “Verão a equipa que vou lançar no jogo. Será uma equipa para a frente, não é para trás”, prometeu. Provavelmente, referia-se precisamente ao jovem lateral, já que nos dois primeiros jogos foram Gilberto (um jogo e meio) e Lázaro (meio jogo) os escolhidos para a ala direita.

O técnico do Benfica apontou ainda que a equipa terá de anular o jogo entrelinhas dos bávaros, algo que tem toda a lógica, dado que existem mestres dessa arte como Thomas Müller, Gnabry e o próprio Kimmich quando sobe no terreno.

Acontece que limitar uma vertente dos alemães não chega. Dados do Who Scored mostram que, entre as 32 equipas da Champions, o Bayern é (a par do Chelsea) a única equipa que não ultrapassa os 35% de percentagem de jogo ofensivo por um dos três corredores. Trocado por miúdos, tal equivale a dizer que canalizam o ataque pela esquerda, pelo centro ou pela direita com frequência e eficácia semelhantes.

Benfica já conta sofrer

No capítulo táctico espera-se um Benfica no habitual sistema de três centrais, podendo haver variação entre o 3x4x3, com Darwin e Rafa mais abertos, ou o 3x5x2, com Rafa nas costas dos avançados.

Seja que versão for, o Benfica não terá sistemas em espelho e o “jogo de pares” que teve frente ao Barcelona, algo que, a espaços, deixou a defesa catalã numa antiquada procura de referências individuais, que o Benfica tão bem explorou.

O Bayern deverá levar o habitual 4x2x3x1, que facilmente se torna em 4x4x2 perante as movimentações de Müller, mais a chegada de um dos médios. Em tese, com Sané e Gnabry, os alemães tentarão colocar um deles entre Gonçalves e Veríssimo e o outro entre Grimaldo e Vertonghen (e este continua a ser um espaço muito frágil deste Benfica).

Sobrando Müller, Lewandowski e um dos médios, o Benfica optará, provavelmente, por fechar os alas, baixar o bloco e sobrepovoar a zona central com uma linha de cinco defesas. Aí, entrará a fase de maior sofrimento, que o próprio Jorge Jesus assumiu ser inevitável. Tratar-se-á, para os “encarnados”, de sobreviverem a esse momento do jogo.

Do lado contrário, Julian Nagelsman, treinador do Bayern – 33 anos mais novo do que Jorge Jesus –, apontou que a experiência do Benfica, quer nos jogadores, quer no treinador, pode ter um papel relevante no jogo.

“O Benfica é uma grande equipa de Portugal e tem tudo para jogar bom futebol e causar-nos problemas. Não penso que o Benfica tenha medo de nós. Vai actuar num estádio cheio com os seus adeptos. Além disso, o Benfica tem jogadores e treinador com muita experiência”, apontou o técnico da equipa que vem de um atropelo interno ao Bayer Leverkusen (5-1).

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