No primeiro dia de Moedas, um protesto a favor da ciclovia que “triplicou” o número de ciclistas

O novo autarca prometeu “acabar” com a ciclovia da Av. Almirante Reis e, mal entrado na Câmara de Lisboa, enfrenta a manifestação dos que discordam. Relatório do Instituto Superior Técnico diz que a ciclovia potenciou “um forte crescimento de utilizadores de bicicletas”.

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A ciclovia, aqui ainda na sua primeira versão Nuno Ferreira Santos

Primeiro dia, primeira manifestação. Carlos Moedas ainda estará a conhecer os cantos aos Paços do Concelho quando lhe aparecerem à porta defensores da ciclovia da Av. Almirante Reis, esta terça-feira ao fim da tarde. O protesto começa às 18h no Martim Moniz, inclui uma volta de bicicleta ou a pé pela avenida, terminando na Praça do Município com discursos e música.

“Por uma cidade para todas as pessoas, que ofereça condições de segurança a quem se desloca a pé a e quem circula em bicicleta, trotinete, patins, skate ou cadeiras de rodas, contribuindo desta forma para o combate às alterações climáticas.” É este o mote da concentração organizada para tentar dissuadir o novo autarca da intenção que expressou ao PÚBLICO: “A ciclovia da Almirante Reis é para acabar.”

Carlos Moedas diz ser favorável à expansão da rede de ciclovias na cidade e prometeu na campanha que vai pedir ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) que se pronuncie sobre as que já existem. Quanto à Almirante Reis, diz que a ciclovia tal como está tem de ser revertida, mas não exclui a possibilidade de criar uma na actual faixa de estacionamento automóvel.

Na sexta-feira, último dia em funções, o executivo socialista divulgou um relatório com a contagem de ciclistas efectuada em Maio passado, que antecede uma que deverá acontecer nas próximas semanas. Produzido pelos investigadores Filipe Moura, Rosa Félix e Ana Filipa Reis, do Instituto Superior Técnico, o estudo tem um capítulo exclusivamente dedicado à Almirante Reis. “O crescimento da utilização da bicicleta é bastante claro após a introdução da ciclovia pop-up neste eixo. Observa-se que a implementação da ciclovia permitiu um forte crescimento de utilizadores de bicicletas desde Junho de 2020 e a tendência é de vir a aumentar”, lê-se.

Na semana de 24 a 28 de Maio, nas horas de ponta da manhã (7h30 – 10h30) e da tarde (17h – 20h), os observadores contaram 1222 bicicletas e 258 trotinetas em dois pontos da avenida (Rua dos Anjos e Rua Pascoal de Melo), o que se traduz em 91 e 113 ciclistas por hora, respectivamente. “Em Maio de 2021, o volume médio de ciclistas por hora triplicou face a Maio de 2020 (…) especialmente na hora de ponta da tarde”, conclui o estudo.

O crescimento verificado na Almirante Reis contrasta com a diminuição ou estagnação observada noutros pontos da cidade, como Entrecampos, Av. Duque de Ávila e Av. Fontes Pereira de Melo. A cidade, como um todo, não mostrou “uma tendência clara” em Maio, algo que os investigadores atribuem à influência da pandemia na vida diária.

Por falar em covid-19, os estafetas foram “o grupo que mais cresceu, correspondendo a 8,1% do total dos ciclistas, representando 18% do total dos ciclistas entre as 19h e as 20h”. No caso da Almirante Reis, a percentagem é de 36% durante essa hora.

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