As chamadas de vídeo vieram para ficar nas apps como o Tinder, mais utilizadas na pandemia

A utilização de aplicações de encontros aumentou com a pandemia e trouxe hábitos que vieram para ficar, como as chamadas de vídeo. A Hinge, por exemplo, diz que 69% dos seus utilizadores vai manter encontros virtuais após a pandemia.

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Yogas Design/Unsplash

A utilização de apps de namoro aumentou nos últimos meses, apesar do distanciamento físico recomendando pelas autoridades governamentais e de saúde, devido à pandemia, num momento em que as pessoas procuravam interacções sociais enquanto estavam confinadas.

O Tinder revelou que 2020 foi o seu ano mais movimentado e, este ano, os seus utilizadores já bateram dois recordes entre Janeiro e Março.

Em resposta aos novos pedidos, segundo a agência de notícias AP, o Tinder anunciou novas ferramentas em Junho que vão permitir aos utilizadores conhecer melhor as pessoas online, podendo adicionar vídeos aos perfis e falar com outras pessoas antes de receber um sinal de correspondência.

“Historicamente, os consumidores resistiam em conectarem-se através de vídeo, porque não sentiam falta disso. Aplicações de namoro online como o Tinder estão inclinadas para isso”, disse à AP Jess Carbino, especialista em encontros online e socióloga que trabalhou para o Tinder e para o Bumble.

No entanto, no pós-covid, alertou, muitas pessoas esperam um maior grau de despistagem no vídeo. As aplicações de namoro dizem que as suas pesquisas mostram que os chats de vídeo vieram para ficar, mesmo quando a vida já começa a voltar ao normal em algumas partes do mundo.

Quase metade dos utilizadores do Tinder teve uma conversa por vídeo com uma pessoa compatível, durante a pandemia, com 40% a manifestar interesse em continuar a usar a aplicação no futuro. No início da pandemia, uma consultora de relações pública que mora em Nova Jérsia, nos Estados Unidos da América (EUA), disse que começou a filtrar as pessoas, organizando chats de vídeo antes de concordar encontrar-se com alguém pessoalmente. À AP, Jennifer Sherlock explicou que havia saído com alguns homens através de aplicações de namoro, referindo que os encontros eram “estranhos”.

O Tinder refere que o interesse na aplicação é, em grande parte, impulsionado pela Geração Z, jovens que estão no fim da adolescência e no início dos 20 anos, que representam mais de metade dos utilizadores. Também a aplicação digital Hinge explica que a maioria dos seus utilizadores, 69%, vai continuar a combinar encontros virtuais, após a pandemia, salientando que, depois de ter triplicado a receita entre 2019 e 2020, espera duplicar os ganhos este ano.

O Tinder, em conjunto com outras aplicações populares, incluindo o Hinge, o OkCupid e o Bumble, fez uma parceria com os governos do Reino Unido e dos EUA para adicionar um crachá aos perfis pessoais a indicar a vacinação contra a covid-19, mas, adiantou a AP, não há um processo de verificação de dados e as pessoas podem ocultar a verdade.

“Os utilizadores de aplicações de namoro procuram também interacções mais profundas do que encontros casuais”, atentou Jess Carbino. Foi o que aconteceu com Maria del Mar, de 29 anos, uma engenheira aerospacial, que não esperava entrar numa relação, depois de encontrar correspondente no Tinder, no ano passado.

Maria del Mar começou a conversar com seu actual namorado através de uma aplicação, em Abril de 2020, durante o confinamento em Espanha, tendo-se mudado para Barcelona. “Se não fosse pela aplicação, provavelmente os nossos caminhos não se teriam cruzado”, disse, lembrando que agora moram juntos.

Já Fernando Rosales, de 32 anos, era um utilizador do Grindr, uma aplicação popular na comunidade LGBTQI+, e recorreu ao Tinder para obter interacções sociais, quando as restrições da pandemia impediram as pessoas de se conhecerem em Londres (Inglaterra), onde vive.

“O Grindr é tipo: eu gosto de ti, tu gostas de mim, tu estás a 100 metros de mim, eu vou até ti. O Tinder é uma coisa mais social”, apontou Fernando Rosales, que usa a aplicação para encontrar pessoas para jogar jogos online ou para conversar online.

Também Ocean, de 26 anos, um artista de transformismo e fotógrafo em Berlim (Alemanha), recorreu ao vídeo de uma aplicação LGBTQI+ chamado Taimi para fazer amigos em todo o mundo durante a pandemia. “Ter chats de vídeo de dois a cinco minutos com estranhos de lugares como as Filipinas ou zonas dos EUA foi incrível”, disse Ocean, que tem como nome de baptismo Kai Sistemich.

Kai Sistemich acrescentou que vai continuar a usar a aplicação digital no pós-pandemia, especialmente enquanto estiver a fazer actividades sozinho, como cozinhar, ou a aprontar-se para um espectáculo.

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