Noite em Lisboa: zero multas no fim-de-semana por falta de máscara na rua e ajuntamentos

Moradores queixam-se de ajuntamentos de jovens à noite, muitas vezes sem máscaras. PSP passou oito multas no fim-de-semana em Lisboa por infracções relacionadas com a pandemia. A nível nacional, foram 37.

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Daniel Rocha/Arquivo

As associações de moradores de bairros do centro de Lisboa, como o Cais do Sodré e o Bairro Alto, estão revoltadas com o regresso dos ajuntamentos nocturnos de jovens para consumo de álcool nas ruas, muitas vezes sem o cumprimento do uso de máscara. No último fim-de-semana não foram passadas na capital quaisquer multas por falta de uso de máscara no espaço público ou por ajuntamentos de mais de dez pessoas que não pertencem ao mesmo agregado familiar, mostram dados da PSP enviados ao PÚBLICO. 

“A partir das 16h já as aglomerações são muitas, os bares estão a funcionar a partir da hora do almoço, com música a debitar para a via pública”, disse Isabel Sá da Bandeira, moradora de um dos bairros e representante da Associação Aqui Mora Gente. Para esta associação, as autoridades competentes têm a obrigação de fiscalizar durante o dia, mas sobretudo à noite, os ajuntamentos que colocam em causa a saúde pública e especialmente os residentes dos bairros, o que, dizem, não tem acontecido.

As oito multas passadas pela PSP no fim-de-semana em Lisboa por matérias relacionadas com o combate à covid-19 dizem respeito ao uso de máscaras ou viseiras nos transportes públicos (três multas), aos horários de funcionamento dos estabelecimentos (duas), às regras de funcionamento dos estabelecimentos de restauração e similares (duas) e à venda e consumo de bebidas alcoólicas (uma).

Lisboa e Vale do Tejo é a região com mais casos de infecção com o novo coronavírus nos últimos nove dias, totalizando 1588 casos, o que representa cerca de 43% do total no país no mesmo período. Esta terça-feira foram notificadas mais 175 infecções.

A nível nacional, revelam os dados da polícia enviados ao PÚBLICO esta terça-feira, houve 37 infracções no último fim-de-semana, sendo que 19 dizem respeito ao uso obrigatório de máscara nos espaços públicos.

Das restantes, houve seis casos em que não se cumpriram as regras de venda e consumo de álcool, outros seis para os horários dos estabelecimentos, três para o uso de máscaras ou viseiras nos transportes públicos, dois para as regras dos estabelecimentos de restauração e um para as regras da actividade física e desportiva.

Casos a aumentar em Braga entre os estudantes

Também em Braga os ajuntamentos de jovens à noite preocupam. A incidência do vírus no concelho é de 90 casos por cada 100 mil habitantes. O número de novas infecções tem vindo a aumentar, especialmente na comunidade mais jovem e estudantil entre os 16 e os 30 anos. Ricardo Rio, presidente do município, tinha avançado ao PÚBLICO que o concelho poderá chegar aos 120 casos por 100 mil habitantes “em pouco tempo” e, se tal acontecer, recuará no desconfinamento.

Para contrariar a tendência, a autarquia iniciou uma campanha de sensibilização com as forças de segurança. No entanto, o autarca referiu que é impossível “ter polícia, permanentemente, nos locais” e há casos em que “os polícias passam por certos locais e chamam à atenção para certos tipos de práticas, mas as condutas são retomadas”.

De acordo com os dados fornecidos pela Direcção Nacional da PSP, no último fim-de-semana, a única infracção detectada em Braga foi um caso de desrespeito das regras de realização de eventos. Não foram passadas quaisquer multas por ajuntamento com mais de dez pessoas, desrespeito do uso obrigatório de máscara nos espaços públicos e nos transportes públicos, pela venda ou consumo de bebidas alcoólicas, por incumprimento dos horários ou regras de funcionamento dos estabelecimentos, ou por desrespeito das regras para actividades físicas e desportivas.

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