Dois em cada três interessados em comprar casa já são proprietários

Inquérito feito pelo portal Idealista aos seus utilizadores revela que a maior parte dos interessados em adquirir imóveis anda à procura de investimento ou de melhorar as suas condições de vida.

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Rui Gaudencio

O portal Imobiliário Idealista realizou um inquérito durante o mês de Janeiro a mais de duas mil pessoas que andam à procura de casa, tanto para comprar como para arrendar, e constatou que dois em cada três potenciais compradores já são proprietários de pelo menos um imóvel. A intenção de mudar de casa, ou “viver em zonas menos centrais em troca de ter mais metros quadrados”, uma necessidade trazida pelo confinamento, ou então, a “estabilidade do investimento imobiliário face a outros activos”, num momento em que a poupança está a aumentar, são as razões principais para este comportamento.

Os resultados deste inquérito, que envolveu 2131 utilizadores do portal com pesquisas guardadas, tanto para venda como para arrendamento, permitem traçar um quadro tipo de quem anda à procura de habitação. As pesquisas são feitas maioritariamente por mulheres, entre os 36 e os 45 anos, por alguém que vive em casal, tem filhos e um contrato de trabalho por tempo indeterminado.

De acordo com os dados divulgados pelo portal, quase metade dos inquiridos que procuram casa para comprar já são proprietários de um imóvel (42,3%), enquanto 9,6% possuem duas casas, 3,1% afirmam possuir três casas e 3,7% são proprietários de mais de três casas. Já 41,3% indicam que não são proprietários de nenhuma casa.

Ruben Marques, porta-voz do idealista, ensaia uma explicação. “O confinamento fez com que muitos portugueses se dessem conta que não estão totalmente satisfeitos com as suas casas e que preferiam viver em zonas menos centrais em troca de mais metros quadrados, mais luminosidade, jardins ou terraços”, afirma. Entre as maiores variações de procura entre os meses de Janeiro e de Dezembro de 2020, estão os apartamentos com jardim mas sem piscina (35,96%), as quintas (35,95%), as moradias (34, 23%) e os apartamentos com terraço (32,2%).

Um outro factor que explica esta procura será a oferta de créditos à habitação com taxas de juro em mínimos históricos, a que se acresce “a estabilidade de um imóvel como investimento em relação a outros activos, num momento em que o nível de poupança também subiu em termos médios”. “Este investimento no mercado poderá levar a um aumento do número de casas para arrendar no futuro e a uma possível descida nos preços”, antecipa Ruben Marques.

O portal, que guarda os critérios de pesquisa de cada utilizador, e acompanha o seu processo de decisão  - é esse facto que permite ao Idealista saber, por exemplo, que a compra de habitação tende a ser um processo longo, visto que 32,4% dos inquiridos está à procura há mais de um ano, e que apenas 11,1% iniciou a procura há menos de um mês – conclui que um quinto das pessoas mudou de critérios e motivações. “Um dos factores em destaque na hora de encontrar um novo lar é agora a melhoria de qualidade de vida com 40,1% de respostas”, escreve a empresa.

“O confinamento fez com que muitos portugueses se dessem conta que não estão totalmente satisfeitos com as suas casas e que preferiam viver em zonas menos centrais em troca de mais metros quadrados, mais luminosidade, jardins ou terraços”, acrescenta Ruben Marques.

A tipologia de casa mais procurada consiste num imóvel com, pelo menos, dois quartos e com um preço compreendido entre os 100.000 euros e os 200.000 euros. Quanto às necessidades de financiamento, a maioria necessita de um crédito à habitação entre 50% e 80% do valor da casa. Em termos de localização, o interesse na compra de casa limita-se ao mesmo município onde residem (50%), enquanto 25,6% procura noutro distrito e 24,4% procura em outras cidades do distrito onde habitam.

Já na amostra dos respondentes ao inquérito que estão à procura de casa para arrendar, percebe-se que 77,4% das pessoas que procuram casa afirmam que não são proprietárias de nenhum imóvel para habitação, enquanto 16,3% reconhece que dispõem de uma casa.

A casa para arrendar mais procurada é um imóvel com pelo menos dois quartos e com um preço compreendido entre os 450 euros e os 600 euros por mês. Na sua maioria, pretendem destinar ao arrendamento entre 25 a 35% dos seus rendimentos e o interesse pelo arrendamento limita-se ao mesmo município onde residem (63,4% do total), enquanto 18,4% procura em outras cidades do distrito onde residem e 18,1% procura noutro distrito.

De acordo com as informações veiculadas pelo portal, o processo de encontrar casa para arrendar é muito mais rápido do que na compra, visto que 15,2% os inquiridos está há menos de um mês à procura. Ainda assim, 28,4% dos inquiridos respondeu que iniciou o processo de pesquisa entre um a três meses antes, 24,4% começou a procurar quatro a seis meses antes, 13% entre sete a 12 meses antes. Por último, 18,9% dos inquiridos está há mais de 12 meses à procura.

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