As obsessões e a oficina do Senhor Marías

Todos os contos, aceites e aceitáveis, de Javier Marías chegam-nos finalmente num volume para indefectíveis de um dos maiores escritores da actualidade. Não Mais Amores também é um trabalho de oficina.

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Partilhamos o nascimento e maturação de um dos mais complexos e estimulantes universos literários da actualidade Rui Gaudêncio

Na nota prévia a esta edição, Javier Marías dirige-se ao “leitor dedicado e curioso” que dificilmente conseguiria encontrar quatro dos contos que escreveu e não estavam incluídos em nenhuma das duas colectâneas até então publicadas — Enquanto Elas Dormem, de 1990 e Quando Fui Mortal, de 1996. Incluí-los aqui seria uma forma de lhes facilitar a busca e por outro lado de arrumar e organizar uma produção pessoal que, no seu entender, dificilmente terá continuidade: os contos. Entre esses quatro está Não Mais Amores, obra de 1995 que dá título à edição portuguesa. Para esse “leitor dedicado” estes contos serão uma peça importante no puzzle longo que é a obra de Marías e permitem um olhar mais informado e completo sobre a sua biografia literária. Mas podem, no entanto, funcionar enquanto acto de sedução, de conquista para quem nunca se aventurou nos romances de Marías, género onde, mais do que em qualquer outro, ele é exímio.

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