Sarampo com máximo de casos em 25 anos. Pandemia pode agravar situação, diz OMS

Mais de 94 milhões de pessoas estão em risco de perder as vacinas contra o sarampo devido a campanhas de imunização em pausa em 26 países.

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OMS diz que milhões de crianças estão novamente em risco de contrair a doença este ano Stringer

O sarampo infectou quase 870.000 pessoas em todo o mundo em 2019, o pior número em quase 25 anos, à medida que os níveis de vacinação desceram abaixo dos níveis críticos, indica um relatório divulgado esta quinta-feira.

O sarampo é uma das doenças mais contagiosas conhecidas — mais do que a covid-19, o Ébola, a tuberculose ou a gripe.

Só no ano passado, mais de 207 mil pessoas morreram com a doença, segundo o estudo. Com uma cobertura imunitária abaixo dos 95% necessários para a protecção da comunidade, as infecções aumentaram em todas as regiões da Organização Mundial da Saúde (OMS) no ano passado, atingindo os piores níveis desde 1996 — as mortes globais por sarampo aumentaram quase 50% desde 2016.

“Estes dados enviam uma mensagem clara de que não estamos a proteger as crianças do sarampo em todas as regiões do mundo”, disse o Director-Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, numa declaração.

O relatório, co-liderado pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, aponta o fracasso colectivo em imunizar totalmente as crianças a tempo (com duas doses de vacina contra o sarampo) como a principal causa para o aumento da mortalidade.

Milhões de crianças estão novamente em risco de contrair a doença este ano, uma vez que as restrições impostas para conter a pandemia de covid-19 perturbam ainda mais os programas de imunização e, consequentemente, os esforços para redução dos surtos de sarampo, aponta o relatório co-liderado pela Organização Mundial da Saúde.

A partir do mês de Novembro, mais de 94 milhões de pessoas estavam em risco de perder as vacinas contra o sarampo devido a campanhas de imunização em pausa em 26 países. Seth Berkley, chefe executivo da aliança global de vacinas da GAVI, diz que a covid-19 trouxe “perigosas quedas na cobertura da vacinação”.

Berkley descreve o relatório como “alarmante”, sendo também “um aviso de que, com a pandemia covid-19 a ocupar os sistemas de saúde em todo o mundo, não podemos dar-nos ao luxo de tirar os olhos da bola”.

Após um progresso constante de 2010 a 2016, os casos de sarampo recomeçaram a aumentar a partir de 2017. O relatório refere um total de 869.770 casos de sarampo, com 207.500 mortes, em 2019.

A OMS e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) pediram aos governos na semana passada para agirem agora por forma a prevenir epidemias de sarampo, poliomielite e outras doenças infecciosas. 

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