Lucros dos CTT caem 81% no terceiro trimestre

Resultado líquido recuou para 4,3 milhões de euros, penalizado por provisões e imparidades. Empresa e Estado mantêm-se em negociações sobre o contrato de serviço postal universal.

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rui gaudencio

Os CTT registaram um resultado líquido de 4,3 milhões de euros no terceiro trimestre do ano, valor que compara com os 22,9 milhões de euros obtidos no período homólogo de 2019, reflectindo uma queda de 81,1%.

No mesmo período, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) caiu 21,3%, para 57,7 milhões.

No comunicado enviado esta quarta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a empresa presidida por João Bento assinala que, no terceiro trimestre, “a situação de desconfinamento gradual em Portugal, e na maioria dos mercados internacionais, permitiu já uma recuperação da evolução dos rendimentos do Correio nas suas principais linhas de negócio”.

No entanto, na comparação com o período homólogo, as receitas da actividade postal, caíram cerca de 12%, situando-se em cerca de 308, 8 milhões de euros, e contribuindo para uma queda de 1%, para 534 milhões de euros, das receitas totais.

A queda deveu-se essencialmente à quebra do correio transaccional (aquele que é expedido por clientes não residenciais, como as empresas e o Estado) e o correio publicitário.

Nos serviços financeiros houve também uma diminuição dos rendimentos, de 3,3%, para 32,3 milhões.

O movimento foi o oposto no negócio de correio expresso e encomendas, em que os rendimentos operacionais aumentaram 19,5%, para 131,5 milhões, beneficiando do aumento generalizado do comércio electrónico. A empresa registou crescimentos de actividade nesta área em Portugal e em Espanha.

No Banco CTT, as receitas cresceram 39,3%, para cerca de 60 milhões de euros.

Os Correios explicam que o resultado do trimestre foi em parte afectado “pelo crescimento das imparidades e provisões para fazer face a perdas potenciais com a contracção económica prevista (mais 9,2 milhões de euros)”, principalmente no negócio bancário e em particular no crédito automóvel.

Contrato de serviço público na agenda

Os CTT, que têm a concessão serviço postal universal, estão a renegociar com o Estado a sua renovação, já que o contrato termina no final de Dezembro.

Esta quarta-feira, o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, sublinhou que “há conversas” com a empresa e que “há pontos” que separam Governo e Correios.

“Têm a ver com os níveis de qualidade exigidos” aos serviços, explicou o ministro, em resposta à deputada Isabel Pires, do Bloco de Esquerda.

Questionado também pelo deputado Bruno Dias, do PCP, a propósito da eventual necessidade de ser negociado um prolongamento do contrato com os CTT a partir de 1 de Janeiro (se até lá não houver acordo para a renovação), e em particular sobre a continuidade da distribuição postal de jornais e revistas depois dessa data, o ministro assegurou que não haverá qualquer quebra de serviço.

“Qualquer prolongamento [que venha a ser acordado] não irá implicar a quebra de qualquer obrigação anterior. Todas terão de ser integralmente cumpridas”, afirmou o governante, salientando que “nenhuma empresa privada se pode colocar na posição de fazer chantagem com o Estado”.

Pedro Nuno Santos respondeu à questão de Bruno Dias sobre uma hipotética privatização dos CTT na mesma linha do que já antes havia dito à deputada Isabel Pires: “Nenhuma opção está neste momento excluída”.

“Obviamente que é um processo independente da negociação ou de um novo concurso público sobre o contrato de concessão”, esclareceu.

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