UE condena violência na Bielorrússia e exige libertação de manifestantes detidos

Bruxelas pede a Minsk para divulgar os resultados transparentes das eleições do último domingo que, segundo a comissão eleitoral da Bielorrússia, dão 80% dos votos a Aleksander Lukashenko.

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Ursula von der Leyen disse que os "direitos fundamentais na Bielorrússia devem ser respeitados” JOHN THYS/Reuters

A União Europeia (UE) pediu a divulgação dos resultados exactos das eleições do último domingo na Bielorrússia, que deram o sexto mandato a Aleksander Lukashenko, e condenou a violência contra os manifestantes na última madrugada, exigindo a libertação imediata de todos os detidos.

“Condenamos a violência e pedimos a libertação imediata de todos os que foram detidos durante a última noite”, afirmaram num comunicado conjunto Josep Borrell, chefe da Diplomacia da UE, e Oliver Várhelyi, comissário responsável pelas questões de Vizinhança e Alargamento. Os dois responsáveis denunciaram “a violência estatal desproporcional e inaceitável contra manifestantes pacíficos” e pediram a publicação dos resultados pormenorizados das eleições de domingo. 

No mesmo sentido, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, exigiu às autoridades bielorrussas que “garantam que os votos das eleições de ontem [domingo] sejam contados e publicados com precisão”. “O assédio e a repressão violenta de manifestantes pacíficos não têm lugar na Europa. Os direitos fundamentais na Bielorrússia devem ser respeitados”, escreveu Von der Leyen no Twitter.

Na mesma rede social, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, reiterou que a “violência contra manifestantes não é a resposta”. “A liberdade de expressão, a liberdade de reunião e os direitos humanos básicos devem ser defendidos”, acrescentou.

O primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, pediu que seja convocada uma cimeira de emergência da UE para discutir a situação em Minsk. Varsóvia considera “o uso da força contra manifestantes pacíficos e as detenções arbitrárias inaceitáveis”.

Um porta-voz do Governo alemão, Steffen Seibert, disse que existem vários indícios que apontam para fraude nas presidenciais que deram o sexto mandato a Lukashenko, que governa a Bielorrússia com mão de ferro há 26 anos. Berlim “tem fortes dúvidas” sobre forma como foram conduzidas as eleições bielorrussas. 

Esta segunda-feira, depois de uma noite de protestos no país que levaram a 3000 detenções e que, segundo organizações de defesa dos direitos humanos, causaram pelo menos um morto e dezenas feridos, a comissão eleitoral bielorrussa revelou os resultados oficiais, dando 80% dos votos a Lukashenko e apenas 9,9% a Svetlana Tikhanouskaia.

A candidata da oposição, que teve milhares de apoiantes nos seus comícios e, pela primeira vez, gerou uma onda de contestação ao Presidente bielorrusso, disse esta segunda-feira de manhã que não reconhece os resultados que “contradizem o senso comum” e pediu uma saída pacífica de Lukashenko do poder.

O chefe de Estado bielorrusso, que já recebeu as felicitações dos homólogos da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, afastou esse cenário e garantiu que não irá permitir que “o país seja dilacerado”.

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