Colono judeu considerado culpado pela morte de família palestiniana

Amiram Ben-Uliel levou a cabo um ataque que matou um bebé de 18 meses e os seus pais. Procuradores pedem prisão perpétua.

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Amiram Ben-Uliel incendiou a casa do casal Dawabsheh Reuters

Um tribunal israelita considerou, esta segunda-feira, que o israelita Amiram Ben-Uliel, de 25 anos, é culpado de planear e de levar a cabo um ataque à bomba em Duma, na Cisjordânia ocupada, tendo causado a morte do casal Saad e Riham Dawabsheh e do seu filho de 18 meses, Ali.

O ataque remonta a Julho de 2015 e gerou condenação tanto do lado palestiniano como do lado israelita, tendo sido definido como um “ataque terrorista” por parte do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. 

Ben-Uliel, que vivia num colonato israelita na Cisjordânia, incendiou a casa do casal Dawabsheh, que morreu no hospital, enquanto a criança morreu queimada no local. O outro filho do casal, Ahmad, hoje com nove anos, ficou gravemente ferido. Actualmente, vive com a avó materna e tem de se deslocar ao hospital a cada quatro meses para realizar um tratamento com laser que deverá durar vários anos.

Segundo o diário israelita Haaretz, ao longo dos anos, o atacante declarou três vezes ser autor do crime, mas duas das declarações acabaram por ser invalidadas devido ao uso da força por parte das forças de segurança israelitas. Uma terceira declaração acabaria por ser aceite pelo tribunal.

A sentença ainda não foi lida, mas a equipa de procuradores considera que a prisão perpétua é a medida adequada, tendo em conta o veredicto dos três juízes do tribunal da cidade de Lod. “Terrorismo é terrorismo, independentemente da identidade dos autores”, justificou o procurador Yael Atzmon, segundo o The New York Times.

Amiram Ben-Uliel foi acusado de pertencer ao movimento Juventude da Colina, um grupo de extremistas judeus que tem como objectivo submeter Israel à lei da Torah. Contudo, o colectivo de juízes não encontrou provas suficientemente fortes e acabou por ilibar Ben-Uliel desta acusação. Um segundo suspeito do ataque, um menor cuja identidade não chegou a ser revelada, acabaria por chegar a acordo com as autoridades.

Numa declaração pouco habitual, os serviços de segurança interna de Israel, o Shin Bet, congratularam-se com o veredicto, caracterizando-o como “um marco significativo contra o terror judaico”. Já a família Dawabsheh recebeu a notícia da condenação de Ben-Uliel com algumas reservas, classificando-a como “injusta e insuficiente”. “Sabemos que pelo menos duas pessoas estiveram envolvidas no assassinato do Ali, da Saad e do Riham”, afirmou Nasr Dawabsheh, tio do bebé. “Sabemos que nenhuma decisão judicial vai trazê-los de volta, mas uma sentença severa poderá impedir futuros crimes”, acrescentou.

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