Voos da Air France com máscara obrigatória e controlo de temperatura

Quem tiver mais de 38 graus pode ficar em terra, podendo alterar a reserva “sem custos para uma data posterior”.

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Transportadora diz que “na maioria dos voos, as actuais baixas taxas de ocupação permitem que os clientes viajem mais espaçados” Reuters/BENOIT TESSIER

A partir desta segunda-feira, para se viajar nos aviões da Air France será preciso máscara, e, além disso, a transportadora aérea vai implementar, de forma gradual, “um sistema de controlo de temperatura na partida de todos os seus voos”.

De acordo com um comunicado enviado pela empresa francesa, esta “verificação sistemática” vai ser efectuada através do recurso a termómetros infravermelhos sem contacto.

“Para poder viajar”, diz a Air France, “será necessária uma temperatura abaixo dos 38°C”. Os passageiros com uma temperatura acima dos 38 graus “podem ser impedidos de embarcar”, diz a companhia, acrescentando que, nesses casos, a reserva será alterada “sem custos para uma data posterior”.

Sobre o uso obrigatório de máscara por parte dos passageiros – a transportadora diz que essa já é a prática para “todos os membros da tripulação e os agentes em contacto com os clientes” -, a Air France explica que a decisão está alinhada “com a directiva francesa sobre o uso obrigatório de máscaras nos transportes”.

A Comissão Europeia prepara-se para aplicar uma série de regras ao sector da aviação, de modo a que haja uma harmonização entre todos os Estados-membros, mas ainda não se pronunciou oficialmente. Em entrevista à agência Lusa, a comissária europeia dos Transportes, Adina Valean, já afirmou que “utilizar equipamentos de protecção – máscaras, em particular – deve ser uma das condições”. “É o mínimo que podemos fazer para nos protegermos a nós e aos outros ao pé de nós.” 

Questionada sobre a eventual colocação de assentos vazios entre passageiros para garantir o distanciamento social, a comissária europeia afastou esta medida como regra. “Não recomendo, como norma, manter espaços livres [entre passageiros]”, disse.

No caso específico português, o que está em vigor neste momento é a obrigatoriedade de limitar a dois terços a lotação, mas o Governo já afirmou que vai alinhar com o que for decidido por Bruxelas.

Sobre este aspecto, a Air France diz que haverá “a implementação de distanciamento físico a bordo sempre que possível”, e que “na maioria dos voos, as actuais baixas taxas de ocupação permitem que os clientes viajem mais espaçados”.

A companhia aérea destaca ainda que tem feito “o reforço dos procedimentos diários de limpeza dos aviões, com a desinfecção de todas as superfícies em contacto com os clientes”, e que tem promovido a “adaptação do serviço a bordo para limitar as interacções entre os clientes e os membros da tripulação” (deixou de haver serviço de comida e bebida nos voos de curta duração), além de destacar o sistema de reciclagem do ar nos aviões usa filtros “idênticos aos usados nas salas de cirurgias”.

O novo “normal"

Com as viagens quase paradas, as companhias aéreas esforçam-se agora por recuperar uma parte do mercado, aplicando diversas medidas de segurança contra a covid-19. A holandesa KLM, que pertence ao grupo da Air France, também obriga ao uso de máscara a partir de hoje.

Desde 28 de Março que há um voo diário da KLM entre Lisboa e Amesterdão, enquanto no caso da Air France os voos entre as capitais dos dois países se estão a realizar três vezes por semana.  

A ANA, empresa do grupo francês Vinci e que gere os aeroportos nacionais, instalou logo em Março câmaras de infravermelhos para medir a temperatura corporal dos passageiros. Segundo informou a ANA, nos casos em que fossem detectadas situações de temperatura corporal elevada haveria “um segundo rastreio por uma equipa de técnicos de saúde, os quais acompanharão a pessoa para área reservada, procedendo a um inquérito e actuando de acordo com os procedimentos médicos exigidos”.

Apoio de sete mil milhões à Air France

O grupo Air France-KLM já pediu ajudas estatais, tendo a Air France garantido o acesso a um financiamento de sete mil milhões de euros graças ao apoio do governo francês (espera-se ainda a clarificação de ajudas por parte dos Países Baixos à KLM, tendo os dois Estados posições accionistas no grupo).

A empresa já afirmou que esse capital extra lhe dá o “oxigénio” necessário para cumprir as suas responsabilidades financeiras e assegurar a recuperação da actividade após a actual crise, tendo reportado um prejuízo de 1801 milhões no primeiro trimestre (mais 1477 milhões face a idêntico período do ano passado).

Dos sete mil milhões de euros em causa, quatro mil milhões correspondem a empréstimos bancários garantidos em 90% pelo Estado francês e três mil milhões são empréstimos directos (exigindo em troca uma maior redução das emissões de dióxido de carbono, com menos voos em rota onde haja alternativas viáveis na ferrovia).

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