Jerónimo de Sousa acusa Governo de tomar medidas “contrárias aos interesses nacionais”

Secretário-Geral do PCP diz que, a propósito da pandemia, há “manobras em curso” para entregar valências do SNS aos privados.

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Jerónimo de Sousa LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

O secretário-geral do PCP acusou nesta terça-feira o Governo de estar a tomar opções “contrárias aos interesses nacionais” no combate a pandemia covid-19. Jerónimo de Sousa criticou também o PSD, CDS, Chega e Iniciativa Liberal, que diz estarem a fazer um “aproveitamento” da doença para “branquear o seu posicionamento e projectar valores e concepções reaccionárias”.

Numa declaração pública, na sequencia da reunião de segunda-feira Comissão Política do Comité Central, Jerónimo de Sousa fez uma forte defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e alertou para aquilo a que chamou “manobras em curso que, a pretexto do combate desenvolvido pelo SNS ao surto epidémico, pretendem entregar novas valências, funções e recursos públicos aos grupos privados de saúde, fazendo depender destes, das suas pressões e chantagens, a garantia do direito à saúde”.

“Garantir uma resposta segura e capaz por parte do SNS é o principal factor de confiança para as populações e de combate ao medo e alarmismo utilizados para impor retrocessos económicos, sociais e políticos”, acrescentou.

O líder comunista também não poupou a União Europeia (UE), afirmando que as medidas por si anunciadas “não só não visam garantir os direitos dos trabalhadores e dos povos como continuarão a aprofundar inaceitáveis assimetrias, desigualdades e relações de dependência”.

“Não respondendo às necessidades imediatas de financiamento para acudir à situação social e ao relançamento da actividade económica, a UE empurra os países para uma espiral de endividamento, associada à imposição de políticas que atingem duramente os trabalhadores e os povos”, salientou.

Jerónimo de Sousa disse ainda que as “opções do Governo PS e os projectos de forças reaccionárias, submetidos ao Euro e às imposições da UE”, constituem “um obstáculo à concretização da política de que o país necessita e deixam campo aberto para que sejam os interesses dos grupos económicos a determinar o percurso da vida e da economia nacionais”.

Acrescentou também, que o “grande capital” está a encarar a pandemia como “uma oportunidade para impor uma ainda mais violenta exploração e intensificar o ataque aos direitos, às liberdades, à democracia e à soberania”.

Sobre o estado de emergência, que deverá terminar no dia 2 de Maio, o secretário-geral do PCP insistiu que foi “desnecessário e desproporcional no combate de saúde pública contra a epidemia” e “revelou-se como instrumento útil ao capital para os seus objectivos”. "O estado de emergência ou o estatuto de calamidade, no essencial, serve para pressionar, para meter medo às pessoas, mesmo quando elas estão a respeitar os princípios, normais legais e de combate ao coronavírus”, acrescentou.

Jerónimo de Sousa elencou uma longa lista de medidas para serem tomadas no imediato que considera “elementos centrais de uma política alternativa, patriótica e de esquerda, que dê resposta aos problemas nacionais e corresponda aos interesses dos trabalhadores, do povo e do país”.

Por fim, o líder comunista saudou as comemorações de 25 de Abril no Parlamento e a acção popular de cantar a Grândola Vila Morena e o hino nacional às janelas e sublinhou “a importância da jornada de luta do 1.º de Maio”, organizada pela CGTP, “que, 130 anos depois, assume em 2020 um significado dos mais relevantes das últimas décadas”.

Recorde-se que a CGTP anunciou que vai organizar algumas acções controladas de rua no 1.º de Maio e que as fará sempre em acordo com as forças policiais e de saúde.

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