Covid-19: inflação teve variação nula em Março

Subida do índice de preços de bens alimentares, descida nos transportes, recreação e cultura. São os primeiros impactos da covid-19 na taxa de inflação.

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O índice dos bens alimentares deu uma contribuição positiva para o valor da inflação Paulo Pimenta

A reflectir os primeiros impactos do confinamento associado à prevenção contra a propagação do novo coronavírus, a taxa de inflação de Março registou uma variação nula quando comparada com o mesmo mês de 2019, revelou o Instituto Nacional de Estatística (INE).

“Embora esta informação sobre o mês de Março traduza já algum impacto da pandemia covid-19, nomeadamente na recolha de preços no final do mês para os hotéis e passagens aéreas, é possível que as tendências aqui analisadas se alterem substancialmente”, antecipa o INE, sublinhando que esta estimativa é útil “para estabelecer uma referência para avaliar desenvolvimentos futuros” na actual situação epidemiológica do novo coronavírus.

Com uma variação nula face a Março de 2019, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) apresenta uma desaceleração que traduz “sobretudo a variação homóloga de -3,7% do índice relativo aos produtos energéticos (0,9% em Fevereiro), reflectindo a evolução dos preços nos mercados internacionais associada à redução da procura deste tipo de produtos devido à pandemia e às divergências entre os países produtores de petróleo”, explica o INE.

Foi a partir de meados de Março que se agudizou a crise associada à covid-19 e a mudança drástica provocada pelo encerramento massivo de estabelecimentos comerciais, pela pela redução drástica de voos internacionais e a quebra no turismo, pela menor procura dos transportes públicos ou pelo cancelamentos de espectáculos parece surgir já reflectida nos valores da inflação desse mês.

No índice de preços, o INE destaca a “diminuição da taxa de variação homóloga das classes dos transportes (classe 7) e do lazer, recreação e cultura (classe 9) com variações de -1,6% e -2%, respectivamente (0,9% e -1,6% no mês anterior)”, ao mesmo tempo em que, “em sentido oposto”, se assistiu a um “aumento da taxa de variação homóloga das classes do vestuário e calçado (classe 3) e dos bens alimentares e bebidas não alcoólicas (classe 1) com variações de -1,7% e 1,2% (-2,9% e 0,8% em Fevereiro)”.

Com contribuições positivas para a variação homóloga da inflação surgem os bens alimentares e bebidas não alcoólicas, os restaurantes e hotéis, e bens e serviços diversos. Já com contribuições negativas, o INE salienta os transportes.

Quando se olha para a inflação subjacente, o indicador que exclui os produtos alimentares não transformados e energéticos, a taxa calculada do INE evidencia igualmente uma variação homóloga nula.

Comparando com Fevereiro, o IPC “registou uma taxa de variação mensal de 1,4%” e, excluindo os produtos alimentares não transformados e energéticos, a variação foi 2,1%.

O INE nota que, por causa da pandemia, poderá haver “alguma perturbação” na obtenção de informação primária e, por isso, apela à colaboração “das empresas, das famílias e das entidades públicas na resposta às solicitações do INE, utilizando a Internet e o telefone como canais alternativos aos contactos presenciais”.

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