Coronavírus: Trump tentou ter o exclusivo de uma vacina para os EUA

Donald Trump está a fazer tudo o que é possível para conseguir uma vacina contra a covid-19 “só para os Estados Unidos”, afirma o semanário alemão Welt am Sonntag.

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Reuters/POOL New

O Presidente norte-americano, Donald Trump, tentou, com elevados incentivos económicos, garantir para os Estados Unidos o direito exclusivo de uma potencial vacina contra o novo coronavírus, na qual trabalha uma empresa alemã que está a desenvolver uma nova tecnologia, com apoios privados e públicos de vários países, noticiou este domingo o Welt am Sonntag.

A empresa alemã CureVac anunciou esta semana que se a sua tecnologia de vacinas de baixa dosagem se mostrar eficaz – está neste momento a fazer um teste com uma vacina da raiva em coelhos – talvez seja possível usá-la para o novo coronavírus. Numa notícia publicada pela Reuters, a empresa privada, que colabora com o Instituto Paul Ehrlich para Vacinas e Medicamentos Biomédicos, expressou a esperança de ter uma vacina experimental pronta em Junho ou Julho e só então então pedir autorização para fazer ensaios com seres humanos.

CureVac é uma das várias empresas financiadas pela Coligação para as Inovações de Preparação para Epidemias em Janeiro – uma aliança fundada em Davos pelos governos da Noruega e da Índia, a Fundação Bill e Melinda Gates, o Wellcome Trust britânico e o Fórum Económico Mundial.

A empresa trabalha com ARN mensageirio (ARNm), moléculas que dão instruções às células para proteínas que podem ter propriedades terapêuticas ao desencadear uma resposta imunitária contra o cancro ou doenças infecciosas.  

Essa possibilidade terá sido o suficiente para que a Administração Trump desenvolver contactos para tentar garantir para os Estados Unidos os direitos exclusivos desta hipotética vacina, oferecendo somas chorudas. Segundo o Welt am Sonntag, Trump está a fazer tudo o que é possível para conseguir uma vacina para os Estados Unidos, “mas precisamente só para os Estados Unidos”, escreve o dominical, citando fontes próximas do executivo alemão.

Outra notícia de uma publicação da indústria biotecnológica dava conta que Daniel Menichella, o CEO da CureVac, que teve reuniões com o Presidente dos EUA, e liderava os esforços para tentar chegar à fase do ensaio de uma vacina contra o covid-19, deixou a empresa, sem apresentar explicações e foi substituído por um dos fundadores da CureVac, Ingmar Hoerr. 

Mas o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, confirmou à televivão ZDF que houve uma tentativa do Presidente norte-americano de tomar conta da empresa, mas que essa possibilidade foi já afastada. “A CureVac vai desenvolver a vacina e, se for possível, será para o mundo inteiro, e não para um só país”, disse.

A empresa recusou fazer declarações. O embaixador dos EUA na Alemanha, Richard Grennel, escreveu no Twitter simplesmente que a história do jornal “está errada”. Outro responsável norte-americano citado pela Reuters disse que “esta história está muito empolada”. “Vamos continuar a falar com qualquer empresa que diga ter possibilidades de ajudar. E qualquer solução que seja encontrada será partilhada com o resto do mundo.”

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