Coronavírus: que a DGS lidere e não exagere

O alarme instalado nesta emergência e a ausência de informação, associada à discriminação, são o maior perigo em Portugal do coronavírus.

Sabemos que o contágio é transmissível de pessoa para pessoa, que pode entrar por via aérea ou terrestre. E não pede licença nem se identifica nas fronteiras. Francisco Antunes, infeciologista, sublinha “que existe algum alarmismo geral sobre este vírus”. O que sabemos: que o risco de transmissão é de humano para humano; que o vírus se transmite no contacto direto para quem está no epicentro epidémico, podendo depois ser transmitido por via respiratória por pessoa infetada.

São ainda desconhecidas forma de controlar o vírus e não há vacina. Logo a mensagem-chave adequada, com as duas medidas de prevenção, passa por isolar doentes e assegurar quarentena durante 14 dias para quem esteve no epicentro da doença ou no país de origem. Sem alarmismo e menos permanentes outbreaks que não acrescentam coisa nenhuma. Se houver uma crise que atinja Portugal, esta poderá ser ignorada porque quando não havia comunicação se cometeu o exagero dos outbreaks.

O alarme instalado nesta emergência e a ausência de informação, associada à discriminação, são o maior perigo em Portugal. É por isso determinante que a autoridade nacional de saúde pública lidere e não exagere. Em situação de emergência, a Direção-geral de Saúde deve assegurar que todos os produtos de comunicação são fontes de informação, como mensagens grátis a solicitar às redes de telecomunicações, a enviar a quem entra no território português, em inglês, francês, espanhol, português e chinês.

Que mensagem-chave? Evitar contato próximo com doentes com infeções respiratórias; lavar frequentemente as mãos, especialmente após contato direto com pessoas doentes; evitar contato desprotegido com animais selvagens ou de quinta; medidas respiratórias, como tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); e lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.

Tanto os Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos como o European Center for Disease Control and Prevention (CEDC) da Suécia, nos quais a DGS se baseia, alertam para uma epidemia que galgou a fronteira da Ásia e atingiu a Europa. É urgente informar todas as pessoas, por grupos e mensagens-chave, em língua adequada (atenção aos imigrantes), e aos grupos mais vulneráveis: pessoas mais idosas e/ou doentes com problemas de saúde são as que adoecem severamente, podendo morrer com patologias crónicas (respiratórias e cardíacas). 

Resumindo, a DGS não vai além da recomendação da OMS, limitando-se a medidas de higiene, etiqueta respiratória e segurança alimentar para reduzir a exposição e transmissão da doença. Públicos-alvo e grupos vulneráveis: pessoas com mais idade e outras com doenças crónicas. Aumentar a literacia nas escolas primárias através de desenhos explicativos às crianças, com imagens e palavras simples, nas secundárias através de SMS e das redes sociais Twitter, Whatsapp, Instagram (mais usadas).

É necessário proceder ao aumento de informação em saúde e desenvolver melhores formas de comunicar informação sobre saúde e emergência às pessoas. Trata-se de uma medida inteligente, porque previne a COVID (doença por corona vírus) e outras doenças e evita o acesso aos hospitais. Os anónimos, como nós, são os verdadeiros stakeholders e são capazes de passar a mensagem. Basta que ele seja mobilizado e responsabilizado com a informação adequada. Sem alarme. E sucessivos outbreaks com casos que afinal não são casos.

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