Livre: Sá Fernandes propõe “mediação” e Tavares quer falar sobre outras “causas que importam”

O advogado, que é membro da comissão de ética, considerou que a proposta sobre Joacine Katar Moreira “injusta”. Rui Tavares apelou a que se diversifiquem os temas em discussão.

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Daniel Rocha

O advogado Ricardo Sá Fernandes, membro da comissão de ética do Livre, disse neste sábado, no palco do centro cívico Eduardo Pedro, onde decorre o IX Congresso do partido, que considera “injusta” a decisão da 42.ª assembleia, que propôs a retirada da confiança política à deputada. Já Rui Tavares apelou a que se discutam outros assuntos, além daquilo que designou por “episódio”.

“Em nenhum partido democrático do mundo se exclui ou se retira a confiança política sem ouvir o partido”, registou. E deixou um conselho: “Que se oiçam argumentos, que se pratique mediação, que se chame o conselho de jurisdição e que se trate isto com bom senso e espírito democrático.”

Sá Fernandes contou que teve a oportunidade de ouvir Joacine Katar Moreira durante cinco horas. “Não ficou nenhuma pergunta por fazer”, assumiu. Dessa audição, que aconteceu antes de Dezembro, a deputada mostrou-se, segundo o advogado, “disposta a encetar nova fase na relação” com os órgãos dirigentes. “Desde então, a comissão de ética não voltou a ser ouvida” até ser agora, “confrontada com esta resolução e com acusações que Joacine nega”, contou. “Eu não sei quem diz a verdade”, reconheceu, mas o “partido tem órgãos a que pode recorrer para ajudar a resolver problemas”.

Ricardo Sá Fernandes revelou que não tem “qualquer ambição política na vida, a não ser ser fiel a lutar contra todas as injustiças” com que se depara. “O que querem fazer à Joacine Katar Moreira é uma injustiça”, concluiu.

Após o discurso, Sá Fernandes entregou uma proposta para ser criada uma comissão de mediação entre a direcção e a deputada. A seguir, foi Rui Tavares quem subiu ao palco. “É bom ver aqui as vossas caras teimosas, de fundadores, aqueles que se juntaram depois de várias derrotas eleitorais”, começou por cumprimentar o ex-eurodeputado.

Rui Tavares prefere falar de outras causas

“O Livre, essas caras teimosas, tem o direito de ter um congresso que não seja monopolizado só por este tema e que fale de todas as causas que importam”, defendeu Rui Tavares, quando subiu ao palco já depois das 13h.

Rui Tavares acredita que “o país distingue entre o Livre e qualquer episódio ou conflito que aconteça, mas só se o Livre souber aplicar os princípios que o definem”. Por isso, o fundador declarou que irá apoiar a proposta “B”, uma proposta que atribui aos órgãos internos que serão eleitos neste congresso a decisão sobre a proposta de retirada de confiança a Joacine Katar Moreira.

O fundador do Livre elogiou ainda que a discussão de “um partido de esquerda ecologista” se faça com “frontalidade”, o que “não acontece com todos os partidos que se dizem ecologistas”.

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Rui Tavares cumprimentou Joacine Katar Moreira quando chegou Daniel Rocha

“Os próximos órgãos saberão concluir e não prolongar nem arrastar esta questão, porque o Livre tem o dever de defender os seus princípios com firmeza e de ter a sua consciência tranquila pelo facto de o ter feito da forma mais justa e humana possível para quem está envolvida nesta questão”, defendeu.

Tavares irá também apoiar a proposta de Miguel Won [que dá um voto de confiança à assembleia cessante]. “Embora, como disse Pedro Mendonça, acho que é desnecessária.”

“O Livre tem o direito de ter a consciência de sentir que fez isso da forma mais justa, mais rápida e mais humana para todas as pessoas envolvidas nessa questão”, concluiu.

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