As peças ainda soltas do puzzle dos dirigentes europeus

Na cimeira de domingo os líderes vão decidir a próxima geração de dirigentes da União Europeia. Se os socialistas tiveram a Comissão Europeia, o Partido Popular Europeu deverá ter o Conselho e os Liberais a Política Externa da UE. E, para além dos equlíbrios políticos, será preciso respeitar os de género.

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Manfred Weber Andreas Gebert/REUTERS
,União Européia
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Margrethe Vestager JOSE SENA GOULAO/EPA
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Michel Barnier Thierry Roge/REUTERS
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Andrej Plenkovic Piroschka van de Wouw/REUTERS
,Primeiro ministro
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Leo Varadkar Clodagh Kilcoyne/REUTERS

Manfred Weber

Weber publicou esta semana mais uma coluna no jornal Die Welt a argumentar, pela enésima vez, que a eleição para o Parlamento Europeu lhe deu “um mandato para se tornar presidente da Comissão Europeia”. Mas para se mudar para o edifício do Berlaymont, terá de contentar-se em ser o número dois. O político bávaro ainda não decidiu se aceita a nomeação da Alemanha para ser comissário europeu (e primeiro vice-presidente), o que lhe permitiria construir o currículo necessário para tentar o lugar de topo na próxima eleição, ou se continua no Parlamento Europeu, concorrendo a presidente. Esta hipótese complicaria as contas dos líderes em termos de equilíbrio de género, uma vez que os actuais cenários passam pela eleição da eurodeputada irlandesa Mairead McGuiness.

Margrethe Vestager

Só na noite eleitoral é que a comissária europeia da Concorrência consolidou a sua posição como cabeça de lista do grupo dos liberais que durante a campanha manifestaram a sua oposição ao princípio dos Spitzenkandidaten ao avançar uma lista de sete nomes que poderiam ser escolhidos para chefiar o executivo comunitário. A dinamarquesa que foi ministra da Economia e do Interior no seu país antes de se mudar para Bruxelas cumpriu um dos mandatos com mais impacto na actual Comissão, e a sua escolha para continuar na próxima legislatura já tinha sido garantida pelo Governo de Copenhaga, apesar de Vestager pertencer ao Partido Social Liberal, da oposição.

Michel Barnier

Os democratas-cristãos guardaram um trunfo na manga para conseguir negociar apoios e manter a presidência da Comissão: para ultrapassar o impasse, avançavam com o negociador europeu para o “Brexit”, que nos últimos dois anos coleccionou elogios dos líderes europeus e das bancadas do Parlamento Europeu. Além de ter ocupado vários cargos executivos em França, e de ter sido por duas vezes comissário europeu, Michel Barnier foi candidato a Spitzenkandidat em 2014, quando correu contra Jean-Claude Juncker pela nomeação pelo PPE. O presidente da Comissão é o principal defensor desta solução, que teria de vencer dois obstáculos difíceis: a renitência do Presidente francês, e o ressentimento dos eurodeputados alemães, que não gostaram da campanha que Barnier conduziu em paralelo com a de Weber.

Andrej Plenkovic

O nome do primeiro-ministro da Croácia já estava em cima da mesa como possível alternativa ao de Manfred Weber, mas a escolha de Plenkovic para a Comissão seria dificultada pelo facto de o seu país não pertencer à zona euro. O PPE deverá agora apostar no seu nome para a presidência do Conselho Europeu, que pela segunda vez consecutiva ficaria entregue a um representante do Leste. Como Tusk, Plenkovic é um político de centro-direita, conservador mas fortemente europeísta. A sua carreira começou na diplomacia e incluiu passagens pelo Parlamento nacional e europeu sempre nas listas do HDZ, um partido com raízes nacionalistas fundado após a introdução do sistema multipartidário na Croácia.

Leo Varadkar

Outra hipótese que o PPE estará a considerar para a presidência do Conselho Europeu é o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar. Aos 40 anos, o líder do Fine Gael seria o rosto da nova geração de líderes que está a promover a renovação das lideranças políticas europeia: médico de formação, filho de um casamento “misto” de um indiano e uma irlandesa e abertamente homossexual, foi o mais jovem primeiro-ministro de sempre na conservadora ilha da Irlanda. A sua decisão de promover um referendo para liberalizar a restritiva lei do aborto, e a sua defesa do Acordo de Sexta-feira Santa durante as negociações do “Brexit” fizeram disparar a sua popularidade interna. Mas ainda sem um desfecho previsível para o complicado processo do saída do Reino Unido da UE será difícil para Varadkar trocar Dublin por Bruxelas.

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