Jony Ive, o icónico designer da Apple, deixa a empresa após quase 30 anos

Responsável pelo desenho de produtos como o iPod e o iPhone, o executivo vai criar a sua própria empresa e continuará trabalhar para a multinacional americana.

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Jony Ive com um iPad, em 2017 EPA/MONICA DAVEY
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Tim Cook, o presidente da Apple, e Ive Mason Trinca/Reuters
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Uma selfie? Stephen Lam/Reuters

Ao fim de quase 30 anos, Jony Ive, o designer da Apple responsável por alguns dos mais icónicos produtos e pelo desenho minimalista que se tornou uma imagem de marca da empresa, anunciou a saída da multinacional norte-americana.

Ive sairá para fundar a sua própria empresa, a LoveFrom, através da qual continuará a prestar serviços à Apple. “Embora não vá ser um funcionário, vou continuar a estar muito envolvido – espero que durante muitos, muitos anos”, disse Ive numa entrevista ao Financial Times, com a qual anunciou publicamente a decisão. “Isto parece ser uma altura natural e suave para fazer esta mudança.”

Ive, de 52 anos, está na Apple desde 1992, mas já antes disso trabalhava para a empresa. Antes de ser contratado pela multinacional norte-americana, tinha um emprego numa firma britânica de design chamada Tangerine, e participou então no desenho dos computadores portáteis Powerbook.
Acabou por ser contratado pela Apple e mudou-se de Londres para a Califórnia. Nessa altura, Steve Jobs já tinha deixado a empresa, na sequência de uma luta interna de poder.

Foi após o regresso de Jobs, em 1996, que Ive foi promovido a vice-presidente com o pelouro do design. Chefiou então as equipas responsáveis pelos coloridos computadores iMac e iBook, que foram fundamentais para relançar a Apple numa altura em que a Microsoft dominava o mercado dos computadores pessoais e em que a empresa se debatia com problemas financeiros.

Mais tarde, as equipas de Ive foram responsáveis pelo design de produtos como o iPod (que se tornou quase sinónimo de leitor de música), bem como pelo iPhone (apresentado em 2007 e que foi o primeiro telemóvel a popularizar os ecrãs sensíveis ao toque) e pelo iPad. Ive também chefiou o desenho dos sistemas operativos da Apple e participou na concepção da sede da empresa, um enorme edifício circular envidraçado, que se assemelha a uma nave espacial.

A saída da Apple acontece numa altura em que as vendas do iPhone estão a abrandar. O iPod, apesar de um lançamento recente, já não tem vendas relevantes e o iPad representa uma fatia muito pequena da facturação. A empresa está agora a apostar no negócio de venda de serviços e conteúdos, assente nas suas lojas online.

“O Jony é uma figura singular no mundo do design e o seu papel no ressuscitar da Apple não pode ser subestimado, desde o inovador iMac de 1998 ao iPhone e à ambição sem precedentes do Apple Park”, afirmou o presidente da Apple, Tim Cook, num comunicado, no qual sublinhava que continuaria a trabalhar com Ive.

O futuro de Ive

Ao Financial Times, Ive afirmou que uma das áreas em que pretende trabalhar são os chamados wearables, uma categoria de produtos que inclui relógios e pulseiras inteligentes, óculos de realidade aumentada e outros equipamentos que podem ser usados de forma semelhante a peças de roupa ou acessórios.

“Há algumas áreas que são paixões naturais para mim. O trabalho que tenho feito com a tecnologia de wearables – com a tecnologia a tornar-se mais pessoal, é uma inevitabilidade que se torne usada”, disse Ive. “Vimos que podíamos usar a tecnologia para que fosse extraordinariamente útil na nossa relação com a saúde e o bem-estar. Esta área é uma daquelas com que tenho estado fascinado.”

O designer também explicou a origem do nome da sua nova empresa, dizendo que foi inspirado por Steve Jobs. “Ele [disse] que uma das motivações fundamentais era fazer algo com amor e cuidado, mesmo que provavelmente nunca viéssemos a conhecer as pessoas para quem o estávamos a fazer. As pessoas para quem se faz, e nunca vamos apertar a mão delas, [mas] ao fazer algo com cuidado, estamos a expressar a nossa gratidão à Humanidade, à espécie.”

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