Onde estão (ou deviam estar) os bicicletários portugueses? A Cidade Ciclável diz-te

Cidade Ciclável é a plataforma que assinala todos os bicicletários existentes em Portugal — e os que deveriam existir. Criado pela Mubi, o mapa online é feito a partir de um processo colaborativo de utilizadores de bicicleta. É aberto e gratuito.

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Ines Fernandes

Quando não souberes onde estacionar a tua bicicleta, podes procurar o “bicicletário” (local para estacionamento) mais próximo na Cidade Ciclável. Através de um mapa online e interactivo, a plataforma criada pela Mubi (Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta) vai mostrar-te os estacionamentos existentes, assinalados com um ponto verde. Caso não saibas onde fica o local assinalado, clica no botão “Como chegar” e o Google Maps trata de te ajudar. Simples, não é?

“Enquanto utilizadores de bicicleta sentimos que não existe um local seguro para a deixar”, justifica António Carvalho, da direcção da Mubi. As bicicletas acabam por ser estacionadas junto a postes, árvores ou grades, que “além de não serem locais ideais, não são legais”. Por isso, a Mubi aliou-se aos brasileiros da Bike de Boa (colectivo de designers e urbanistas) e fez chegar a Portugal, no final de Maio, a plataforma interactiva que quer “perceber onde é que os bicicletários existem”, para ajudar quem pedala e quem pensa as cidades.

As informações são actualizadas de forma colaborativa. Qualquer pessoa pode adicionar pontos ou avaliar os existentes: “Basta fotografar um bicicletário que não esteja identificado no mapa e adicionar”, explica António Carvalho. Deve também ser indicado “o tipo de parqueamento e ser feita uma avaliação de uma a cinco estrelas da qualidade do parqueamento”, tendo em conta a localização, proximidade, visibilidade, entre outros parâmetros exigidos. Mas não é só: podem também ser assinalados (a azul) os pontos onde seria desejável instalar um bicicletário.

Seja junto à entrada de uma superfície comercial, de uma estação de metro ou numa zona com grande oferta de serviços, são vários os sítios onde faltam bicicletários e são também essas lacunas que a plataforma quer sinalizar. Os dados inseridos na Cidade Ciclável são abertos e gratuitos e estão, para já, a ser monitorizados com especial atenção em Aveiro, Lisboa e Setúbal, por colaboradores da Mubi. Posteriormente, deverão ser enviados a estas autarquias. Mas a ideia é que “qualquer autarquia que esteja interessada no assunto” aceda à plataforma e “faça download das tabelas com toda a informação”, refere António Carvalho. Ou que complemente os dados: no caso de Lisboa, foi a autarquia que facultou as informações iniciais. 

A falta de condições para os ciclistas preocupa a Mubi: “As estruturas de parqueamento de bicicletas são muito baratas em comparação com, por exemplo, o reperfilamento de ruas”, atira. E quando estas estruturas são instaladas, é preciso que sejam pensadas, porque “muitas vezes, alguns bicicletários não são utilizados porque não estão associados a locais de serviço ou comércio”, defende. Mais ainda, a “existência de parqueamento é uma forma de publicitação e de discurso público de apoio à mobilidade activa” num país que, apesar de ser o segundo maior produtor europeu de bicicletas, ainda pedala muito pouco.

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