Mota Amaral à espera de um “volte-face” da direcção do PSD

Fundador do partido fala de um “compromisso” de Rui Rio para com os militantes dos Açores. Líder reserva à Madeira o 6.º lugar na lista do PSD às europeias, dando, assim, um sinal à região autónoma que vai a votos em Setembro.

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Mota Amaral ©ENRIC VIVES-RUBIO / PUBLICO

O ex-presidente da Assembleia da República e do Governo Regional dos Açores e fundador do PSD, Mota Amaral, quebrou o silêncio sobre a polémica que se instalou no partido por causa do oitavo lugar na lista ao Parlamento Europeu que lhe foi proposto pela direcção nacional e diz acreditar ainda que possa haver um “volte-face”, nas próximas horas.

“Espero que haja um volte-face e que o PSD honre os seus compromissos para com a região autónoma dos Açores”, afirma o ex-dirigente social-democrata, numa alusão à “garantia” deixada por Rui Rio aos sociais-democratas açorianos numa acção de campanha no âmbito das eleições directas no PSD de Janeiro de 2018, realizada em Ponta Delgada.

Em declarações ao PÚBLICO na véspera do conselho nacional que vai aprovar a lista do PSD às eleições europeias de 26 de Maio, João Bosco Mota Amaral assegura que o PSD-Açores “sempre teve direito a um lugar elegível na lista às eleições europeias “e que, desta vez, isso pode não acontecer”, se não houver o tal volte-face.

Os sociais-democratas açorianos estão descontentes com a situação e, no sábado passado, o líder regional do partido, Alexandre Gaudêncio, avisou que, a manter-se a decisão de “relegar” os Açores para um lugar não elegível, o PSD-Açores não indicará qualquer nome para a lista do partido ao Parlamento Europeu.

“Irei ao conselho nacional do partido [nesta quarta-feira] para dizer que os Açores não abdicam de um lugar elegível na lista do PSD, tal como acontece há mais de 30 anos”, vincou o dirigente no final da reunião da comissão política regional, que decorreu em Ponta Delgada, sublinhando que os açorianos precisam de um partido e de um “líder nacional” que valorize todo o território e não crie “divisionismos”.

Na altura, o dirigente recordou as palavras de Rui Rio quando encerrou o congresso regional do partido, em Outubro passado –​ “primeiro estão os Açores e só depois o PSD” – e justificou a aposta em Mota Amaral com o momento “determinante” para a região autónoma, em que estão a ser discutidos em Bruxelas os quadros comunitários de apoio.

“A indicação do nome proposto pelo PSD-Açores para integrar a lista nacional do partido ao Parlamento Europeu resultou da forte convicção de que, face ao risco de cortes em fundos fundamentais para a nossa região, só uma personalidade com o currículo e prestígio do dr. João Bosco Mota Amaral pode defender os interesses dos Açores”, argumentou Gaudêncio, lembrando a “tradição de décadas” do PSD colocar os representantes das duas regiões autónomas em posição elegível na lista para as europeias.

O presidente do partido reservou o sexto lugar ao PSD-Madeira - que indiciou a eurodeputada Cláudia Monteiro de Aguiar para um novo mandato -, num incentivo ao partido para se mobilizar para as eleições regionais de Setembro. Ao que o PÚBLICO apurou, Mota Amaral terá feito saber à direcção nacional que estaria disponível para ocupar uma posição imediatamente a seguir à da representante da Madeira, desde que num lugar elegível.

Segundo fontes sociais-democratas, a lista do PSD para as europeias já está fechada, mas é provável que “aqui ou ali possa haver alterações de lugares de última hora” que tanto podem ocorrer durante a comissão permanente como na reunião de comissão politica nacional, que antecede o conselho nacional.

A lista social-democrata ao PE obedecerá aos critérios da “competência e renovação”, vincou a direcção de Rui Rio.

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