Reclusos de Paços de Ferreira queixam-se de agressões por parte dos guardas

Detidos queixaram-se à Obra Vicentina de Auxílio aos Reclusos de terem sido agredidos por guardas, de cara tapada, durante a busca na semana passada. Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais nega.

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A prisão de Paços de Ferreira tem estado nas notícias por causa de video filmados por reclusos e enviados via redes sociais PAULO PIMENTA / PUBLICO

A Obra Vicentina de Auxílio aos Reclusos (OVAR) recebeu queixas sobre agressões a presos durante uma operação que decorreu na semana passada no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira. A Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais negou as agressões. 

As alegadas agressões terão ocorrido durante uma busca na semana passada em que foram apreendidos 18 telemóveis e seis seringas e droga, entre outros. No dia 15, a Guarda Prisional já tinha apreendido 79 telemóveis, drogas ampolas de anabolizantes, seringas, entre outros, envolvendo mais de 100 operacionais.

Depois de ter visitado a prisão este sábado, e recolhido o depoimento de cerca de cinco detidos, o coordenador da OVAR, Manuel Hipólito dos Santos, afirmou ao PÚBLICO que os reclusos lhe disseram “que os guardas entraram nas celas, alguns com cabeças tapadas, algemaram os reclusos, e os coagiram a dar informação”, contou. “Como os presos não diziam nada, agrediram-nos. Houve uma actuação desproporcionada e injustificada”, acrescentou Manuel dos Santos.

Foi ainda referido ao coordenador que alguns reclusos tiveram que ir ao hospital em sequência da rusga. A Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, através do porta-voz Semedo Fernandes, confirmou ao PÚBLICO que foram levados três presos para o hospital, um dia depois da busca, mas que estes regressaram com o “registo de que não havia ferimentos, nem hematomas ou escoriações”. Comentou ainda: “A busca foi acompanhada pelos serviços de segurança e usada uma metodologia absolutamente escrutinável, em que é possível identificar quem fez a busca e cada passo.”

O comunicado da Direcção-Geral sobre aquela busca referia que tinha ocorrido “sem que se tivesse verificado qualquer tipo de incidentes. Os reclusos “em cuja posse foram apanhados os objectos e bens ilícitos serão alvo do procedimento disciplinar e ou criminal previstos na lei”, acrescentava.

A 9 de Fevereiro um grupo de reclusos organizou uma festa e transmitiu-a em directo para o exterior via Facebook, através do telemóvel: vê-se os reclusos a beber supostamente álcool, a comer, a falar ao telemóvel. O episódio levou a directora, Maria Fernanda Barbosa, a pedir a sua demissão e os serviços prisionais a desencadear um inquérito. Dias depois surgiu um novo vídeo onde três reclusos dizem estar a fumar droga no recreio – mas terá sido filmado antes, a 4 de Fevereiro.

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