Marca norte-americana aposta em malas feitas de desperdício e garrafas de plástico

Samsonite lança duas colecções com preocupações ecológicas. Estas malas são 10% mais caras.

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André Rodrigues/Arquivo

Umas são feitas com os desperdícios do processo de fabrico; outras são feitas de um tecido que foi criado a partir de garrafas de plástico recicladas pós-consumo. São as duas novas colecções da marca de malas de viagem Samsonite. A ideia é dizer adeus ao plástico.

“Esta é uma marca centenária que quer passar uma mensagem ecológica: que produtos que são desperdício podem ser usados para fazer novos”, explica Miguel Duarte, da marca, ao PÚBLICO, durante a apresentação das duas novas colecções, mostrando como algumas partes da mala – a pega ou a etiqueta de identificação – são de cortiça, “um material amigo do ambiente e um orgulho para os portugueses”, reforça.

Para já são apenas duas colecções de malas de viagem mas o tecido feito com as garrafas será aplicado em novas colecções. “Nos próximos anos vão surgir outros produtos”, promete. 

Ana Milhazes foi convidada pela marca para falar sobre a sua experiência de um estilo de vida minimalista cujo objectivo é não produzir lixo. A oradora que é socióloga de formação, mas que dá aulas de ioga e palestras sobre sustentabilidade e criou o grupo Lixo Zero Portugal no Facebook, congratula-se pelo caminho que grandes marcas estão a fazer no sentido de reduzir a sua pegada ecológica e lembra como é difícil comprar malas bonitas que sejam feitas de materiais reciclados.

Perante uma plateia de jornalistas e bloggers, Milhazes conta a sua história, de como decidiu deixar de fazer lixo e como o livro da norte-americana Bea Johnson, Zero Waste Home, a ajudou a fazer essa mudança. “Queria um estilo de vida mais minimalista, mais simples”, justifica.

Milhazes dá algumas dicas sobre as mudanças a fazer, a primeira é “recusar” o que não é essencial. O objectivo, lembra, é não levar lixo para casa. “Reutilizar” é, por exemplo, comprar embalagens de vidro, lavá-las e reutilizá-las para pôr alimentos; é comprar roupa, um computador ou um carro em segunda mão. Os frascos de vidro acompanham-na nas suas compras, que procura que sejam a granel, de maneira a evitar o plástico – a “desvantagem dos frascos é serem muito pesados”, confessa.

O uso de champô, amaciador e pasta de dentes sólidas também contribui para que produza menos lixo pois evita as embalagens plásticas ou de cartão. “Deixei de usar creme para o rosto, uso óleos que vêm em frascos de vidro; deixei de pintar as unhas e de usar perfume porque não sinto necessidade”, confessa, reconhecendo que para muitas pessoas possa ser difícil seguir este caminho.

A sua mala será mais pesada do que outras, uma vez que além de um saco de pano para qualquer compra que precise de fazer, tem também talheres de metal e um copo desdobrável para utilizar sempre que é necessário, por exemplo, num sítio onde lhe ofereçam talheres de plástico para comer. 

Com estes e outros passos, Ana Milhazes reduziu o lixo que fazia a 80%. “Há dois anos e meio que não tenho lixo indiferenciado”, informa, pois aquele que faz no descascar de legumes ou frutas é levado para compostagem para a quinta onde compra esses produtos. “O plástico é um excelente material, salva vidas todos os dias, mas devemos usá-lo com cuidado. É essa a mudança”, conclui. 

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